domingo, 7 de fevereiro de 2010

CAPÍTULO 2 - O Monteiro.



Os cavaleiros de Sonar, após apearem de seus cavalos, marcham bosque adentro com uma leve viração em seus semblantes. Comedidamente, convergiram-se aclive abaixo em procura da caça. Com suas cotas de malha, elmos e couraças -, em séqüito, prosseguiam atrás de um homem que não era seu rei, porem muito hercúleo. O monteiro. Isso mesmo! É assim que os cavaleiros o apelidaram. Monteiro! O nome deste. É Thário. O arrojado de cavanhaque, cabelos compridos e amarrados, atentamente olhava para todos os lados em procura de sua caça. Thário era o único diferente de todos. Não era cavaleiro da realeza, não usava elmo, cota de malha ou couraça. Trajava-se de longas roupas presa num cinto, e também gostava muito de usar coletes, sempre de cores escuras. Thário era conhecido como monteiro por embrenhar-se atrás de sua caça, e conhecer cada canto de Sonar por peregrinar desde pequeno atrás de aventuras.
A tensão tomava conta do exército guiado pelo finório Thário. O silencio é quebrado ao escutarem os urros da caça que parecia se aproximar. Passaram próximos a um rincão ríspido pintado de um modo rústico jogado as moscas e cercado de pedriscos barrentos em meio a um pequeno lago. Alguns ficaram si perguntando se aquele lugar poderia ser um dos abrigos da caça em que procuravam. Queriam invadir. Mas no momento em que os mais velhos cavaleiros se aproximavam do lugar para poder revistar, eles acabaram se surpreendendo.
A comitiva fica detida ao ver em abundancia descendo dentre as coxilhas, muitos cães Górmes num alvoroço só. Os malditos cães saltavam de pedras em pedras até tocarem em solo arenoso, e, iam de encontro aos cavaleiros urrando ferozmente.
Os cães Górmes são uma espécie muito ruim e sombria. Moram em grutas rochosas com gotejo em poças. Grutas ascosas, adjacentes aos pés das montanhas Crisnã. Em algumas destas grutas havia muitos diamantes, era isso que deixava Thário e os cavaleiros satisfeitos, principalmente o rei, é claro. Nas grutas em que havia diamantes, os Górmes não chegavam nem perto, eles apenas as guardavam como algo muito importante. Apreciavam de longe o brilho dos diamantes. Não entravam nessas grutas por que eram sensíveis ao reluzir destas, e também porque eles eram muito grandes medindo cerca de três metros ao ficarem de pé. Cães grandes de costas largas em corcundas. Caninos grandes e afiados, cada cão com duas caldas bem peludas nas pontas.
Thário e os cavaleiros adoravam caçar os Górmes e terem diamantes como recompensa, e também adoravam apreciar a carne destes, pois era saborosa, para eles, a melhor carne que já existira, a mais suculenta e macia. Mas não era para isso que os cavaleiros estavam à procura dos Górmes. Não era para enriquecerem com diamantes ou se deliciarem com tal carne famigerada. O monteiro e os cavaleiros estavam no rastro deles, para desvendarem os desaparecimentos de algumas jovens mulheres dos campos de Sonar.
O rei suspeitava que os cães tivessem feito mal a elas e as levado para as grutas.
Thário olhara fixamente para um dos Górmes que estava parado em cima de uma das coxilhas. A fera também não parava de olhar para o monteiro. Sabia que o monteiro era destemido, foi ele quem já matara muitos Górmes. O rei dos Górmes começara a urrar. Descera da coxilha onde estava e foi em direção aos humanos.
Os Górmes adoravam a carne humana, do mesmo jeito que os humanos adoravam a deles. Mas como dificilmente aparecem humanos no Bosque Sombrio, muito menos próximo as montanhas Crisnã, os Górmes quase não conseguiam se deliciarem da carne humana. Por isso eles se alimentavam dos animais da floresta Ransor-vel, que fica ao lado do Bosque Sombrio e das montanhas Crisnã. Os Górmes saiam de suas grutas ao crepúsculo indo atrás de sua presa. Assustavam os animais da floresta com seus olhos amarelados, e surtiam bem ao se camuflarem na noite em meio o turvo com seus pêlos acinzentados.
O rei odeia os Górmes por de vez em quando assustarem os humanos, e por eles matarem e se alimentarem dos animais da floresta Ransor-vel. O rei queria dar logo cabo deles, por isso os cavaleiros são mandados junto com Thário para o Bosque Sombrio, se não, o rei iria ter que erigir uma fortificação com atalaias em altos portões, coisa que ele não queria.
Os soldados novatos da entidade, estacados pela aglomeração, começaram a reagir impetuosamente. Deixaram os passos lentos e inaudíveis pra trás, e mesmo com muito medo, foram pra cima dos Górmes sem a autorização do monteiro Thário que bradara alto pedindo pra pararem. Mesmo a voz do monteiro ecoando dentre o bosque, os novatos não deram audiência. Eram tolos de mais, queriam mostrar coragem para o rei mesmo com sua ausência. Um dos novatos agregado a mais dois confrades pestanejara muitas vezes ao se deparar com um dos Górmes se lançando de um jequitibá. Após cair em cima dos três soldados, a fera começara a devorá-los vivos. O monteiro fecha os olhos em devoção, enquanto lamuriava pelos convictos novatos da cavalaria. Thário ao ver alguns deles evadindo, começara a estrilar.
O monteiro começa a urrar para os soldados atacarem. Thário corria na direção do primeiro Górme que o atacara. As flechas dos arqueiros na retaguarda passavam por cima do alambre monteiro atingindo os cães a frente. O cão que ia de encontro à Thário, saltara ferozmente para cima do mesmo que se agacha enquanto ergue sua espada fazendo rasgar a carne do animal desde o focinho até o órgão genital. O Górme cai morto e ensangüentado atrás de Thário que se levanta com algumas gotas de sangue em seu rosto e vai de encontro a outro cão que vinha em sua direção. Desta vez, era o rei dos Górmes, que antes, afrontava o monteiro de longe. Sem que desse tempo para Thário se esquivar, a maldita fera atinge o monteiro no peito cravando suas garras e fazendo o forasteiro se afastar com o impacto. A fera investira. Ferozmente em mais um ataque o rei dos Górmes tenta. Desta vez o monteiro não vacila, segurara firmemente a espada com as duas mãos, e, num golpe, ele faz uma cicatriz cruzando a cara do animal, fazendo jorrar a seiva do mesmo para todos os lados. O rei dos cães meio cego se afasta do monteiro e consegue ajuda com outros Górmes.
Os arqueiros agora lançavam flechas em chamas que atingiam as corcundas de alguns dos cães.
Um dos novatos olha para o lado, e vê um dos veteranos da soldadesca clamando ao perder a cabeça numa abocanhada por um dos truculentos animais. Em seguida, o mesmo cavaleiro é atingido no peito sendo montado por outro Górme ávido a saciar do sangue do mesmo antes que ele atingisse o chão. O novato se sentia enjoado e estupefato ao assistir a cena, e, rezava para que a chacina acabasse logo para sair vivo. O Górme que devorava a cabeça do cavaleiro ficara de pé e inebriara-se da seiva do soldado que se acumulava no elmo.
Os outros novatos iam arfantes pra cima dos Górmes. Bradavam corajosamente com olhos marejados arrostando cada uma das feras.
O novato que assistia tudo ficava cada vez mais pálido e enjoado após ver o Górme, limpando o focinho com o antebraço, depois de se deliciar do sangue do cavaleiro no próprio elmo. Começara a vomitar ali mesmo.
Thário ficara balaustrado de Górmes que vieram ajudar o rei dos cães. Enquanto ferido e apenso a uma árvore estava. O forasteiro com o suor excessivo em seu semblante ficava cada vez mais com suas artérias fervorosas enquanto olhava nos olhos de cada fera que o circundava. Um dos truculentos cães sobe numa das raízes ariscas da gigantesca árvore. Arrostava o paladino sem trajes da realeza. O monteiro olhava nos olhos do animal, que, estava em cima da raiz enquanto soltava um largo sorriso expondo seus caninos ferinos para o forasteiro. Os Górmes almejavam a cabeça de Thário por ele matar muitos da espécie deles. Num ataque fulminante, o cão que estava em cima da raiz, lançou-se de encontro ao monteiro. Sem pensar duas vezes, instintivamente o forasteiro com sua espada decepara a cabeça do animal antes que chegasse com os dentes em seu pescoço. Acometidamente, mais dois cães saltam em direção ao monteiro, que, para se defender, sai do alinhamento de um destes fazendo-o ir de encontro à árvore que com o impacto, deixara o animal tonto enquanto o monteiro cravava a espada no peito cinzento do outro. O monteiro olha para o Górme que tinha ido de encontro à árvore. O animal não estava mais tonto, e tentou ferir Thário com suas garras. Mas não conseguira executar o golpe com caução, pois Thário com sua espada arranca a pata do Górme antes que o mesmo a erguesse totalmente. Então o Górme mancando, tenta escapar para bem longe do monteiro enquanto choramingava alto. Mas sem dar chance, um dos cavaleiros acerta a cabeça do cão com uma lança, fazendo-o se esticar no chão. O monteiro anuiu com a cabeça para o cavaleiro que acabara de matar o Górme.
Parecia que tudo estava acabando.
Felizmente, mais uma batalha ganha.
Houve perda de soldados. E por incrível que pareça, a perda maior foi de veteranos que negligenciaram suas espadas. Porem, os novatos se saíram muito bem, - não dá para saber se foi graças o terror que avassalou os corações deles... mas realmente se saíram muito bem.
Olharam para cima de um dos montes e viram três crianças, um de cabelos negros, outro de cabelos loiros e outro de cabelos castanhos e cumpridos. Todos vestidos de longas roupas pretas e montados em Dragões negros enquanto trancavam de três em três os Górmes em gigantescas gaiolas. Eram três crianças montadas em Dragões e com mais sete Dragões sozinhos.
O monteiro ficara si perguntando quem eram eles e para que prendiam os Górmes. Antes que começassem a entender, o rei dos Górmes que foi atingido por Thário na batalha, e, ficou com uma cicatriz na cara, não parava de olhar para o monteiro. Urrava ferozmente de dentro da jaula em que estava preso enquanto se distanciava indo para os céus de Sonar. O rei dos Górmes ia sozinho nesta gigantesca gaiola de ferro, e, o pequeno de cabelos negros que o levava, também não parava de olhar para o paladino.
A minoria dos Górmes fugia, e aquele turvo feito pelas flechas e lanças em chama, exalara fazendo com que aclarado permanecesse o dia.

4 comentários:

  1. Espero que gostem da ação prometida.
    Thário é uma das minhas criações predileta de personagens.
    Agradeço a você leitor e amigo.
    Abraço!

    Kimura.

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  2. D+ Fê... como eu já sabia que seria.
    Agora tô curiosa para ler o terceiro capítulo, o qual eu sempre pedia para vc me passar por e-mail e vc nunca passou `_´ rsrsrsr, mas tudo bem \°0°/ BJUS! continue assim.

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  3. Éeeee disso que eu tava falando!
    Parabéns Fenandão, tá muito show e muito empolgante mesmo.
    abração irmão, fico na espera do proximo post...

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  4. Maria Clara e Bernardo.
    obrigado por acompanharem.

    Beijos e abraços!

    Kimura.

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