domingo, 28 de fevereiro de 2010

CAPÍTULO 5 - Morte Lamentável





Hannced ficara espantado ao deparar-se com algo sobrenatural. Guimans quando olha pra frente, se assusta; - Ooou! – gritava ele enquanto parava com o cavalo que empinava fazendo o jovem mago cair de costas no chão novamente. – Pelos Deuses! O que é isto!? – disse ele com os olhos detidos num fantasma em sua frente enquanto estava sentado no chão. O espírito flutuante se aproximara de Guimans e, com uma cara nada agradável, ele pergunta:
- Mas que baderna é essa em minha floresta?
Hannced que vinha logo atrás, apeou do cavalo após aproximar-se da ocorrência. O espírito de barba longa até a cintura, parara de levitar e tocara em solo arenoso. Ortí já chegara ao local perguntando; - O que está havendo? – Nossa!
- Podem me chamar de Mensageiro das Almas. É assim que sou conhecido, pois meu nome é difícil de pronunciar... – respondera o mago cujo mesmo era iluminado por uma luz branca sobrenatural. A expressão em seus olhos, ainda não era das mais amigáveis. – E sou um dos magos guardiões da floresta Lenor-Ruduer... – continuava ele enquanto olhava para os três. – E vocês quem são?
- Eu sou Guimans! – disse o mesmo enquanto se levantava limpando-se daquele chão e também muito entusiasmado ao se deparar com algo tão extraordinário.
- E eu sou Ortí. – disse o glutão ficando de pé em sua carroça e fazendo uma reverencia após ter dado uma mordida numa saborosa e deliciosa pêra.
- Eu sou Hannced, filho de Harunem. – disse o mago de capuz na cabeça enquanto se afastava de seu tordilho e se aproximava em mesura.
- Já imaginava quem tu eras, pois és muito parecido com teu pai. – diz o fantasma diante de Hannced.
- Conhecera meu pai? – perguntara Hannced.
- Sim. Conheci sim, há muito tempo atrás quando ele passara por aqui, indo fazer um teste para ministro em busca de algum amuleto. Ouvi falar que ele se tornara um bom ministro depois disto. O estranho... É que ele saiu daqui jovem, e, voltara mais velho... Como Vesseu e Herutam também no teste feito há muitos anos depois de Harunem, e também encontrando outros amuletos. – disse o espírito da floresta evocando. – Vesseu e seu irmão Herutam, também se tornaram ótimos ministros depois de Harunem. – continuava ele enquanto se sentava numa pedra ali próxima. – E para que servem os amuletos encontrados por eles? – continuava o Mensageiro das Almas sem entender nada.
Hannced coloca o capuz para trás das costas; - Os amuletos encontrados foram dados como testes para se tornarem ministros de Athór. – disse ele.
- Hoje em dia é assim que se tornam ministros. A cinco mil anos atrás não precisei encontrar nenhum amuleto para me tornar ministro. – disse o fantasma da floresta. Guimans estacara por um tempo, pois não sabia que os espíritos dos antigos magos da floresta Lenor-Ruduer, um dia foram todos ministros de Athór.
- Também temos que encontrá-los para não caírem em mãos erradas, pois sua mágica é descomunal. – disse Ortí após ter dado mais uma abocanhada na pêra em sua mão e também dizendo para o espírito da floresta, que, o que eles estão fazendo não é somente um simples teste.
- Então os amuletos são sobrenaturais. – disse o Mensageiro das Almas. – não era uma pergunta. Mas Guimans concluiu dizendo:
- Não sabemos muito a respeito. Só sabemos que temos que encontrá-los logo.
- Pois então muito boa sorte na busca e... Não faça muito barulho, os espíritos não gostam muito. – disse o fantasma da floresta. – E tomem cuidado com os crocodilos.
- Tudo bem. – balbuciaram baixinho, os três magos enquanto anuíram com a cabeça. Mensageiro das Almas soltava um sorriso de canto de boca enquanto desaparecia perante os três novatos magos de Lenólia.
- Crocodilos? – disse Guimans murmurando com sigo, ainda queria entender do porque o espírito tinha dito aquilo.



- Será que eles vão conseguir mais rápido que agente? – disse Vesseu montado em seu cavalo enquanto soltava um pouco de fumaça no ar após ter dado uma tragada no seu decrépito e inseparável cachimbo.
- Não, sei não... – Pra nós houve uma dificuldade. – respondera Herutam montado em seu cavalo negro. – Cada um de nós teve que fazer o teste sozinho encontrando um amuleto. Eles estão em três para encontrarem dois.
Vesseu e Herutam estavam a caminho do reino Lenoér para falarem com Harunem. Continuavam lentamente montados em seus tordilhos enquanto tragavam seus cachimbos e conversavam em meio à fumarada que saiam de suas bocas em formatos de Dragões. Olhavam ao redor e viam crianças brincando alegremente. Pararam ao lado dum vasilhame próximo aos degraus do imenso portão que dava acesso ao reino Lenoér. Ao apearem dos tordilhos. Os magos subiram os primeiros degraus do reino deixando lá fora os cavalos que se deliciavam bebendo das águas nos tonéis. Enquanto passavam para dentro do largo corredor em pilastras, eles se depararam com uma cena muito chocante. O legendário mago de Athór estava jogado no trono de um jeito que não parecia estar confortável. Vesseu e Herutam ficaram detidos por um tempo. Não acreditavam no que viam. Vesseu começara a caminhar rápido em direção à Harunem. O mago segurara em suas vestes levantando-as para poder correr e chegar mais rápido e acudir aquele que um dia foi seu mestre. Herutam saiu do transe e convergira-se em direção ao seu pai logo atrás de Vesseu. Vesseu ao subir os degraus do púlpito...
– Meu mestre o que acontecera com o senhor? – disse ele ao ver o legendário mago abrindo lentamente os olhos em agonias.
- Senhor... Vesseu... – balbuciara Harunem bem baixinho e rouco, quase que não conseguindo terminar a pronuncia em sua frase. – Já está... na hora... de tomar... o seu... posto... não acha... meu ministro... – disse o mofino Harunem não tendo forças e nem ar para falar direito.
- Meu mestre, por favor, não se esforce tanto. – diz Vesseu.
- Pai! – clamara Herutam ao se aproximar. – Você está bem?
- Meu... filho... Herutam... huro huro! – disse Harunem tossindo.
- Já disse para não se esforçar meu mestre.
- Tem gente... querendo os... amuletos de... Athór...
- Quem! Quem está querendo os amuletos meu pai?
- Herutam, não faça tantas perguntas. Precisamos levá-lo daqui imediatamente para fazer-mos alguma coisa! – disse Vesseu.
- Não; - Quero saber quem veio atrás dos amuletos e quem fez isso com meu pai. – diz Herutam começando a ficar nervoso.
- Fique calmo, primeiro precisamos salva-lo. – Vesseu colocou as mãos nos ombros de Herutam.
- Meus... ministros... – Tomem... conta... dos amuletos... como se fossem... suas... próprias vidas... – disse Harunem pegando no braço de Vesseu e trazendo-o para perto de si mesmo.
- O que foi meu mestre? – disse Vesseu. – Porque está dizendo isto?
O legendário mago de Athór colocara a mão dentro da larga manga de um dos braços de Vesseu. Ao retirar a mão, junto com esta veio um pequeno saco amarrado na ponta. Vesseu e Herutam se surpreenderam.
– Meu pai! O que é isto? – perguntara Herutam.
- Peguem... – São os amuletos... que... o maldito... não conseguira... pegar.
- Quem não conseguira pegar meu mestre? Quem!? – perguntara Vesseu. Percebera que Harunem não resistiria muito.
Harunem fechava os olhos enquanto baixava a cabeça. Sua mão que segurava o pequeno saco com os amuletos, em decadência toca o colo. Um embaraço na garganta com pigarro. O ar não chegava mais aos pulmões. Nem mais um ultimo suspiro, nada mais que a escuridão. A dor que sentia na cabeça por um tempo, agora tomava o corpo por inteiro, que, também gelava ao arrefecer. Sentia-se torturado. Tudo escuro. Tontura. Mais escuro. Sofrimento... Ao fim.
Vesseu e Herutam lamuriavam enquanto permaneciam em devoção.
– Nãaaao... (Um grito ecoava por entre os corredores do reino Lenoér). Era Herutam refutando enquanto urrava pela morte de seu insalubre pai. Vesseu baixara a cabeça e começara seu rito. Herutam se levantara e correra até a entrada do reino. – Hei. Pequeninos! – disse ele para os pequenos aprendizes de magos que estavam brincando no jardim em frente. – Chamem o velho Rirou! Falem que é urgente! – Herutam voltara correndo para perto de Vesseu. Após ter voltado, o mago segurara num dos braços de Vesseu fazendo-o levantar. – Pegue os amuletos e vamos. – disse. Precisamos avisar meu irmão e os outros sobre o ocorrido. Precisamos ajudá-los a encontrar os amuletos, pois a jornada não será fácil. – continuava Herutam levando Vesseu para fora.
- Mas...
- Não se preocupe. O velho Rirou saberá o que fazer.
Os magos saíram do reino, montaram em seus tordilhos e foram arfantes em direção da floresta Lenor-Ruduer.
Rirou chegara ao reino muito rápido, pois o mesmo morava ali perto. Ao adentrar no reino Lenoér, ele fica assustado em deparar-se com tal situação.
Os magos Herutam e Vesseu cavalgavam cada vez mais rápidos. Tinham que avisar logo aos outros. Tinham que dizer o quanto correm perigo e que tinha gente também à procura dos amuletos de Athór. Lamentavam muito a morte de Harunem, mas, não podiam fazer nada a respeito. Sabiam que o legendário mago, iria ter um tumulo digno de rei numa luxuosa caverna trancada por uma imensa pedra, e que o ministro ficaria nas lembranças de todos. Após o corpo sumir da caverna, os outros magos abrem o lugar para abençoar o espírito que se libertara.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

CAPÍTULO 4 - Uma Visita Inesperada.





Hannced e Ortí estavam com seus tordilhos na entrada da floresta esperando Guimans que já se aproximava do local. A leve brisa tocava os semblantes dos magos trazendo um cheiro agradável ao olfato. Os magos olharam estranhamente para o mago de cabelos arrepiados que vinha à cavalo.
Guimans ao chegar ao local, apeou do cavalo dizendo:
- Então. Vamos!
- Para que essas parafernálias todas. Vai para alguma guerra? – disse Ortí espantado ao ver o mago de cabelo moicano, com algum tipo de mochila nas costas, também algumas adegas e cantis pendurados na cintura.
- Trombaremos com Drórios. – Responde Guimans ao desembainhar a espada que estava pendurada na cintura. - Lembra-se! – continuava o mais jovem mago com seus ensaios, como se estivesse em combate com alguém.
- O que ele pensa que está fazendo? – balbuciara Ortí ao perguntar para Hannced.
- Não sei. Será que ficou... tresloucado? – dissera Hannced coçando a cabeça dentre o capuz que a cobria.
Guimans parara com o teatro.
– Ouvi falar que a floresta é perigosa. – disse ele. - Ouvi historias desde criança sobre a floresta. Quando eu era mais jovem, meus amigos me disseram que Lenor-Ruduer era mal assombrada. – diz ele ao abrir bem os olhos. - Diziam-me que havia fantasmas lá. Fiquei mais tranqüilo após a reunião. Pois Harunem tinha dito que na floresta habitam os espíritos dos antigos magos da floresta, e que era protegida pelos mesmos. Só assim eu me acalmei se não, meu medo aumentaria muito mais diante de tantas historias aterrorizantes. – disse ele levantando as sobrancelhas. Sabia que os magos da floresta, mesmo sendo fantasmas, não os fariam mal algum, pois eram todos da mesma raça.
Ortí sobe na carroça ligada ao seu cavalo, na mesma havia uma cesta com mantimentos coberta por um lençol. Em seguida, Hannced e Guimans, cada qual montara em seu próprio cavalo.
- Agora... Vamos à procura dos amuletos! – disse Guimans enquanto empinava com seu tordilho. Mas o mofino mago acaba caindo de costas no chão não conseguindo manter-se em cima do cavalo. Ortí soltara altas gargalhadas e Hannced soltara apenas um curto e tênue sorriso. Guimans era brincalhão, porem muito desajeitado. Com uma cara de poucos amigos por não ter gostado nem um pouco das risadas de Ortí. Guimans após se levantar do chão gemendo e com uma das mãos nas costas, sem jeito, o mago monta novamente no cavalo. – Háa..! – disse ele enquanto batia com os calcanhares na barriga do tordilho fazendo-o disparar floresta adentro. Ortí e Hannced olharam um para o outro estranhando a atitude de Guimans, rapidamente adentraram na floresta pela trilha atrás do mago de cabelos arrepiados. Guimans que ia bem rápido a frente, não tirava o sorriso largo do rosto mesmo se lembrando da queda que levara há pouco tempo atrás. Hannced o perseguia na mesma velocidade. Ortí vinha mais atrás, não parava de se balançar com sua carruagem de madeira enquanto bradava:
- Eeei... Espera um pouco! – dizia ele enquanto com uma das mãos segurava seu chapéu pontudo para que não voasse de sua cabeça.
- Vamos logo gordinho! – disse Guimans de longe e olhando pra trás.
Hannced vinha atrás de Guimans. Com os olhos fixamente na direção do mago de cabelo moicano cujo mesmo olhava pra trás enquanto zombava de Ortí.



O reino Lenoér, arquitetado em pedras e rochas, sem portas ou janelas, não era protegido por nada e ninguém. Sua entrada gigantesca e alta dava acesso ao imenso salão do reino, cujo mesmo terminava num púlpito em escadas sob um trono. O salão com pilastras enfileiradas nas laterais, cujas mesmas afastadas das paredes três metros, davam acesso às escadas onde estas terminam na parte superior do reino que ficam os quartos dos hospedes.
Harunem ao chegar ao reino, morosamente o mago sobe pelos degraus até chegar de vez em cima do púlpito, e, sentar-se em seu trono. O mago olha para a entrada do reino e vê um dos pequenos aprendizes de magos, adentrando e convergindo-se em passos lentos para o legendário mago. O pequeno aprendiz não estava sozinho, e Harunem percebera isso de longe. O aprendiz estava com uma serpente enrolada no braço direito, o réptil passava pelas costas do aprendiz, e, permanecendo com a cabeça ao lado da do pequeno de cabelos brancos.
- Como vai meu pequeno. No que eu posso lhe ajudar? – disse o mago. – Você é um dos alunos de meu filho, Hannced, não é? – perguntara Harunem ao tossir.
- Sim. Eu sou Rayro. – responde o pequeno ao se apresentar.
- Muito prazer Rayro. – Tem um animal belíssimo com sigo. Creio já ter visto pelas cercanias... – diz o mago olhando para a serpente, a mesma, instintivamente mostrava a língua.
Harunem com certeza lembrava-se daquela serpente, pois era a própria que estava na árvore próxima a pedra do lago onde houve a reunião. Rayro com suas longas vestes levantara o braço esquerdo deixando a serpente introduzir-se para dentro da manga e desaparecendo-se por completa.
- Diga-me, o que queres meu jovem? – perguntara o mago.
- O que eu quero você não pode me dar. – respondera o pequeno Rayro. O legendário Harunem toma um grande susto ao se deparar com a serpente, que, aparecera no trono e arrostava o mago que ali estava sentado. - Mas pode me ajudar. – terminara o pequeno com sua resposta.
O mago fica imóvel ao tentar se levantar e não conseguir. A serpente não parava de afrontar o mago. A mesma ficava agora com os olhos em chamas. O mago sentira-se jogado com as costas no trono enquanto cada vez mais ficava estupefato. E como se alguém arrancasse o cajado de sua mão, fez-se com que este fosse de encontro ao chão, e rolasse do púlpito degraus abaixo indo parar nos pés de Rayro. O mago olha para o pequeno e o vê com o braço esticado na sua direção e fica assustado ao ver o pequeno aprendiz se concentrando para deter-lo.
- Como pode ter tamanha força se és tão jovem?!... – disse Harunem esticado e cada vez mais preso ao trono. O mago estava surpreso, pois ninguém naquela idade era tão forte e se concentrava tão bem ao colocar em pratica uma magia. – Qual é o lobo que se esconde nessa pele de cordeiro? – Mostre-se! – bradara Harunem. O mago queria que o inimigo se identificasse. Nunca iria acreditar que era um simples aprendiz que estava diante do lendário mago de Athór.
- Pois bem, eu já não agüentava mais esses cabelos brancos. – responde Rayro ao mostrar sua verdadeira face e se transformar num homem de capuz e longas roupas escuras. – Onde estão os amuletos de Athór já encontrados. – insistira Rayro agora em outra fisionomia e forçando mais a magia contra Harunem.
- Ainda não vi seu rosto. Tire o capuz! – bradara novamente Harunem.
- Está bem meu parvo. Não achei que fosse preciso, mas já que insiste. – disse o interlocutor ao soltar um sorriso de canto de boca. – Melhor assim? – terminara ele agora colocando o capuz para trás das costas.
- Pelos Deuses! Não... – estacara Harunem ao deparar-se com tal cena.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

CAPÍTULO 3 - Os Amuletos de Athór




Hannced já conseguia ver Vesseu e Herutam dialogando com os outros magos na imensa pedra do lago, a qual quase submersa era ligada à encosta do bosque.
Poderia ouvir o silvo vindo dentre os galhos da árvore mais próxima.
- Que bom, ele já chegou. – disse Vesseu.
Hannced, chegando ao local onde se encontravam os magos reunidos, apeou do cavalo e se aproximou dizendo:
- Meu irmão Herutam. - O que acontece para estarmos reunidos aqui hoje?
- Primeiro de tudo Hannced... Tenho que lhe falar; - respondera ele em triste semblante. – Nosso pai esta morrendo. – continuara o mago colocando sua mão direita no ombro de Hannced.
- Mas... Como... – estacara por um tempo enquanto olhava para seu irmão mais velho. – Não pode ser! – diz ele refutando.
- Tenho certeza meu irmão. Ele não quer nos contar, mas posso ver nos olhos dele. – terminara Herutam baixando a cabeça.
- Muito bem meu filho. Não sabia que era tão notório... – disse Harunem ao surgir. Os magos se surpreendem ao ver o legendário mago de Athór, apoiando-se em seu cajado enquanto lentamente se aproximava. – Mas não é esse o motivo deste conselho. – Hannced novamente fica detido ao ver seu pai em tal situação.
- Pai...
- Agora não Hannced. Agora não. – diz o mago mofino, cortando as palavras de seu filho mais novo que perplexo permanecia.
- Como vai meu mestre? – dizia o sensato Vesseu colocando a mão no ombro de Hannced, lamentando e também cumprimentando Harunem.
- Vesseu! Senhor Vesseu. Esta um belo dia, você não acha meu ministro? – responde ele com outra pergunta enquanto faz uma reverencia.
- Não precisa se esforçar tanto meu mestre. – fala Vesseu ao mesmo enquanto o ajudava a ficar com o corpo ereto novamente.
- Pois faço questão ministro Vesseu. Além do mais, é você quem ficará em meu lugar.
Não longe dali, numa árvore mais próxima, uma serpente cujos olhos eram amarelados em pupilas rubras, observava os magos do galho onde estava. O que aquela serpente queria? Não parava de olhar para os magos enquanto mais em chamas ficavam seus olhos espectrais.
- Ortí; Guimans e Hannced... – diz Harunem olhando no rosto de cada qual. - Vêem Vesseu e Herutam, eles são ministros de Athór. – dissera o mago apontando para os mesmos como exemplos. - E para isso, eles fizeram testes como vocês. – continuara ele agora apontando para os outros três. - Finalmente vocês estão prontos para o ultimo teste.
- Ultimo teste? – balbuciara baixinho perguntando para si mesmo o obstinado Guimans.
- Chuuuu! Não comece com asneiras. – bradara Herutam.
- Vocês passaram por diversos ensinamentos durante bons anos, e também ensinaram outros aprendizes até os dias de hoje. – fala Harunem gesticulando com seu cajado, o qual com o passar do tempo, não estava mais imaculado e já bem surrado. – Agora terão de ir à procura dos outros dois amuletos de Athór. Daí então, vocês se tornarão ministros como Vesseu e Herutam.
- Então, a lenda sobre os amuletos é verdadeira! – exclamara Guimans, incrédulo querendo confirmar. O mais jovem mago sempre achara os amuletos um mito. Não parava de pensar coisas desconexas:
“Onde, ou com quem devem estar. – Será que sua magia é tão extraordinária com relação aos elementos da natureza. – Será que de vez em quando poderemos usar tal coisa descomunal.” – hesitava ele bem baixinho, para que o ranzinza do Herutam não chamasse sua atenção novamente.
- Em Lenoér, o reino de Lenólia, já foram deixados três amuletos da natureza, Vesseu e Herutam encontraram os últimos dois quando fizeram os testes para ministros, e o outro, fui eu quem encontrara no teste em que fiz há muitos anos atrás. – diz o mago Harunem. – Um desses amuletos já encontrados representa as águas de Athór. O outro representa o elemento vento. E também o que representa o bem e o mal das ilhas. Um dos outros dois amuletos da natureza que vocês terão de encontrar, está na famigerada ilha dos Dragões, conhecida como Dakron. E o outro está na pequena Ilha das Trevas.
- Dragões! – fala Guimans, começando a sentir uma pontinha de medo. – Mas eu nunca enfrentei um Dragão na vida.
Sem entender ficaram Ortí e Hannced, pois nunca tinham saído de Lenólia, ou sequer ouviram falar sobre uma ilha de Dragões ou trevas. Para eles, elas não eram tão famosas como Harunem falava.
- Não os enfrentarão, tampouco os machucará, o que nos interessa são os amuletos da natureza. Não quero morte e seiva sendo derramadas por animais que só querem defender seus filhotes de ignorantes como nós! – bradara Harunem.
- Mas... Diga-nos. Como os amuletos surgiram e para que eles servem? – pergunta Ortí, após ter dado mais uma golada no café, que, permanecia sempre quente em sua imensa caneca.
A serpente em espiral, enroscada e atenta estava num galho com olhos em chama e calda agitada. Olhando para Ortí em bocejo, a serpente se interessa pela pergunta do mesmo, enquanto se aproximava rastejando até a ponta do galho que projetava uma pequena sombra na imensa pedra do lago.
- Os amuletos surgem após a morte dos Dragões mais velhos de Dakron. – começa Harunem. – Os Dragões vivem milhões de anos, só que os mais velhos já estão morrendo. Os amuletos são muito poderosos, graças aos espíritos dos Dragões que habitam neles. Com a junção destes, podemos melhorar este mundo.
- Meu pai... – diz Hannced. - Acha que este mundo precisa de melhoras? – Hannced estendia as mãos e olhava para os lados, querendo mostrar a seu pai as maravilhas em sua volta.
- Com certeza meu filho. – responde Harunem erguendo suas longas sobrancelhas brancas. – És muito inteligente, e um dia descobrirá o por que.
- Mas como chegaremos à Dakron e na Ilha das Trevas, e, como vamos encontrar os amuletos? – hesitara Ortí.
- Um desses amuletos encontra-se ao norte de Dakron, no cume da montanha Nordan em final do ermo. – diz Harunem, em tom conciliatório para os futuros ministros. – E para chegarem lá, terão de atravessar a floresta Voram, que fica mais ao sul de Dakron. O amuleto que está nesta ilha, é o que representa o elemento terra. – Já o outro amuleto representa as florestas de Athór, e este se encontra na pequena Ilha das Trevas que fica do outro lado do rio do vale dos Guinous. Mais não pensem que será fácil, pois cada amuleto ao surgir, são guardados por atalaias conhecidos como Drorius, desses vocês não precisam ter dó, pois eles não terão de vocês. – continuava o legendário mago enquanto se apoiava com as duas mãos em seu cajado, evocando a primeira vez que saiu de Lenólia, para apanhar o amuleto que representa o bem e o mal das ilhas. Ortí, Guimans e Hannced anuíram com a cabeça. – Sairão daqui de nossa comarca em rumo ao reino Sonaire, no vale Sonar, que fica depois da floresta Lenor-Ruduer, vigiadas pelos espíritos dos antigos magos. Em Sonaire, vocês conhecerão o rei Heriano que lhes apresentará alguém para conduzi-los. Se tudo correr bem, voltarão nas vésperas de solstícios de verão após viajarem por searas. Vão passar pela pacata vila dos Guinous, eles são muito amigos, vão lhes aconselhar os caminhos. Foram os Guinous que me avisaram sobre os amuletos que surgiram, pois eles sabem de tudo que acontece em Athór. E eles confiam muito na gente para guardar os amuletos da natureza. Não se preocupem, após pegarem os amuletos, irão ver o quanto será benéfico. Peguem suas adegas e cantis para viagem, um pouco de alimento e o que mais acharem melhor para levar.
- Ainda bem que com Ortí como amigo, não vamos precisar nos preocupar com alimentos. – diz Guimans já entusiasmado com a viagem, e brincando com o amigo glutão.
- Que bom meus amigos. Que bom. – fala Harunem enquanto solta um sorriso de canto de boca. – E quanto a você meu filho. – continua o mesmo ao olhar para Hannced. – Quando voltar preciso que você venha conversar sobre algo muito importante comigo. – Hannced se vira após assentir. – Agora vão! O rei Heriano já esta a espera.
A serpente que estava próxima aos magos, já prosseguia indo embora.
Nirold ao chegar à pedra do lago, vê Vesseu, Harunem e Herutam. O pequeno após apear do tordilho, vai afoito até os magos dizendo:
- Ortí, Guimans e Hannced já estão chegando. – Vesseu e Harunem olharam um para o outro e sorriram enquanto Herutam meneava com a cabeça negativamente.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

CAPÍTULO 2 - O Monteiro.



Os cavaleiros de Sonar, após apearem de seus cavalos, marcham bosque adentro com uma leve viração em seus semblantes. Comedidamente, convergiram-se aclive abaixo em procura da caça. Com suas cotas de malha, elmos e couraças -, em séqüito, prosseguiam atrás de um homem que não era seu rei, porem muito hercúleo. O monteiro. Isso mesmo! É assim que os cavaleiros o apelidaram. Monteiro! O nome deste. É Thário. O arrojado de cavanhaque, cabelos compridos e amarrados, atentamente olhava para todos os lados em procura de sua caça. Thário era o único diferente de todos. Não era cavaleiro da realeza, não usava elmo, cota de malha ou couraça. Trajava-se de longas roupas presa num cinto, e também gostava muito de usar coletes, sempre de cores escuras. Thário era conhecido como monteiro por embrenhar-se atrás de sua caça, e conhecer cada canto de Sonar por peregrinar desde pequeno atrás de aventuras.
A tensão tomava conta do exército guiado pelo finório Thário. O silencio é quebrado ao escutarem os urros da caça que parecia se aproximar. Passaram próximos a um rincão ríspido pintado de um modo rústico jogado as moscas e cercado de pedriscos barrentos em meio a um pequeno lago. Alguns ficaram si perguntando se aquele lugar poderia ser um dos abrigos da caça em que procuravam. Queriam invadir. Mas no momento em que os mais velhos cavaleiros se aproximavam do lugar para poder revistar, eles acabaram se surpreendendo.
A comitiva fica detida ao ver em abundancia descendo dentre as coxilhas, muitos cães Górmes num alvoroço só. Os malditos cães saltavam de pedras em pedras até tocarem em solo arenoso, e, iam de encontro aos cavaleiros urrando ferozmente.
Os cães Górmes são uma espécie muito ruim e sombria. Moram em grutas rochosas com gotejo em poças. Grutas ascosas, adjacentes aos pés das montanhas Crisnã. Em algumas destas grutas havia muitos diamantes, era isso que deixava Thário e os cavaleiros satisfeitos, principalmente o rei, é claro. Nas grutas em que havia diamantes, os Górmes não chegavam nem perto, eles apenas as guardavam como algo muito importante. Apreciavam de longe o brilho dos diamantes. Não entravam nessas grutas por que eram sensíveis ao reluzir destas, e também porque eles eram muito grandes medindo cerca de três metros ao ficarem de pé. Cães grandes de costas largas em corcundas. Caninos grandes e afiados, cada cão com duas caldas bem peludas nas pontas.
Thário e os cavaleiros adoravam caçar os Górmes e terem diamantes como recompensa, e também adoravam apreciar a carne destes, pois era saborosa, para eles, a melhor carne que já existira, a mais suculenta e macia. Mas não era para isso que os cavaleiros estavam à procura dos Górmes. Não era para enriquecerem com diamantes ou se deliciarem com tal carne famigerada. O monteiro e os cavaleiros estavam no rastro deles, para desvendarem os desaparecimentos de algumas jovens mulheres dos campos de Sonar.
O rei suspeitava que os cães tivessem feito mal a elas e as levado para as grutas.
Thário olhara fixamente para um dos Górmes que estava parado em cima de uma das coxilhas. A fera também não parava de olhar para o monteiro. Sabia que o monteiro era destemido, foi ele quem já matara muitos Górmes. O rei dos Górmes começara a urrar. Descera da coxilha onde estava e foi em direção aos humanos.
Os Górmes adoravam a carne humana, do mesmo jeito que os humanos adoravam a deles. Mas como dificilmente aparecem humanos no Bosque Sombrio, muito menos próximo as montanhas Crisnã, os Górmes quase não conseguiam se deliciarem da carne humana. Por isso eles se alimentavam dos animais da floresta Ransor-vel, que fica ao lado do Bosque Sombrio e das montanhas Crisnã. Os Górmes saiam de suas grutas ao crepúsculo indo atrás de sua presa. Assustavam os animais da floresta com seus olhos amarelados, e surtiam bem ao se camuflarem na noite em meio o turvo com seus pêlos acinzentados.
O rei odeia os Górmes por de vez em quando assustarem os humanos, e por eles matarem e se alimentarem dos animais da floresta Ransor-vel. O rei queria dar logo cabo deles, por isso os cavaleiros são mandados junto com Thário para o Bosque Sombrio, se não, o rei iria ter que erigir uma fortificação com atalaias em altos portões, coisa que ele não queria.
Os soldados novatos da entidade, estacados pela aglomeração, começaram a reagir impetuosamente. Deixaram os passos lentos e inaudíveis pra trás, e mesmo com muito medo, foram pra cima dos Górmes sem a autorização do monteiro Thário que bradara alto pedindo pra pararem. Mesmo a voz do monteiro ecoando dentre o bosque, os novatos não deram audiência. Eram tolos de mais, queriam mostrar coragem para o rei mesmo com sua ausência. Um dos novatos agregado a mais dois confrades pestanejara muitas vezes ao se deparar com um dos Górmes se lançando de um jequitibá. Após cair em cima dos três soldados, a fera começara a devorá-los vivos. O monteiro fecha os olhos em devoção, enquanto lamuriava pelos convictos novatos da cavalaria. Thário ao ver alguns deles evadindo, começara a estrilar.
O monteiro começa a urrar para os soldados atacarem. Thário corria na direção do primeiro Górme que o atacara. As flechas dos arqueiros na retaguarda passavam por cima do alambre monteiro atingindo os cães a frente. O cão que ia de encontro à Thário, saltara ferozmente para cima do mesmo que se agacha enquanto ergue sua espada fazendo rasgar a carne do animal desde o focinho até o órgão genital. O Górme cai morto e ensangüentado atrás de Thário que se levanta com algumas gotas de sangue em seu rosto e vai de encontro a outro cão que vinha em sua direção. Desta vez, era o rei dos Górmes, que antes, afrontava o monteiro de longe. Sem que desse tempo para Thário se esquivar, a maldita fera atinge o monteiro no peito cravando suas garras e fazendo o forasteiro se afastar com o impacto. A fera investira. Ferozmente em mais um ataque o rei dos Górmes tenta. Desta vez o monteiro não vacila, segurara firmemente a espada com as duas mãos, e, num golpe, ele faz uma cicatriz cruzando a cara do animal, fazendo jorrar a seiva do mesmo para todos os lados. O rei dos cães meio cego se afasta do monteiro e consegue ajuda com outros Górmes.
Os arqueiros agora lançavam flechas em chamas que atingiam as corcundas de alguns dos cães.
Um dos novatos olha para o lado, e vê um dos veteranos da soldadesca clamando ao perder a cabeça numa abocanhada por um dos truculentos animais. Em seguida, o mesmo cavaleiro é atingido no peito sendo montado por outro Górme ávido a saciar do sangue do mesmo antes que ele atingisse o chão. O novato se sentia enjoado e estupefato ao assistir a cena, e, rezava para que a chacina acabasse logo para sair vivo. O Górme que devorava a cabeça do cavaleiro ficara de pé e inebriara-se da seiva do soldado que se acumulava no elmo.
Os outros novatos iam arfantes pra cima dos Górmes. Bradavam corajosamente com olhos marejados arrostando cada uma das feras.
O novato que assistia tudo ficava cada vez mais pálido e enjoado após ver o Górme, limpando o focinho com o antebraço, depois de se deliciar do sangue do cavaleiro no próprio elmo. Começara a vomitar ali mesmo.
Thário ficara balaustrado de Górmes que vieram ajudar o rei dos cães. Enquanto ferido e apenso a uma árvore estava. O forasteiro com o suor excessivo em seu semblante ficava cada vez mais com suas artérias fervorosas enquanto olhava nos olhos de cada fera que o circundava. Um dos truculentos cães sobe numa das raízes ariscas da gigantesca árvore. Arrostava o paladino sem trajes da realeza. O monteiro olhava nos olhos do animal, que, estava em cima da raiz enquanto soltava um largo sorriso expondo seus caninos ferinos para o forasteiro. Os Górmes almejavam a cabeça de Thário por ele matar muitos da espécie deles. Num ataque fulminante, o cão que estava em cima da raiz, lançou-se de encontro ao monteiro. Sem pensar duas vezes, instintivamente o forasteiro com sua espada decepara a cabeça do animal antes que chegasse com os dentes em seu pescoço. Acometidamente, mais dois cães saltam em direção ao monteiro, que, para se defender, sai do alinhamento de um destes fazendo-o ir de encontro à árvore que com o impacto, deixara o animal tonto enquanto o monteiro cravava a espada no peito cinzento do outro. O monteiro olha para o Górme que tinha ido de encontro à árvore. O animal não estava mais tonto, e tentou ferir Thário com suas garras. Mas não conseguira executar o golpe com caução, pois Thário com sua espada arranca a pata do Górme antes que o mesmo a erguesse totalmente. Então o Górme mancando, tenta escapar para bem longe do monteiro enquanto choramingava alto. Mas sem dar chance, um dos cavaleiros acerta a cabeça do cão com uma lança, fazendo-o se esticar no chão. O monteiro anuiu com a cabeça para o cavaleiro que acabara de matar o Górme.
Parecia que tudo estava acabando.
Felizmente, mais uma batalha ganha.
Houve perda de soldados. E por incrível que pareça, a perda maior foi de veteranos que negligenciaram suas espadas. Porem, os novatos se saíram muito bem, - não dá para saber se foi graças o terror que avassalou os corações deles... mas realmente se saíram muito bem.
Olharam para cima de um dos montes e viram três crianças, um de cabelos negros, outro de cabelos loiros e outro de cabelos castanhos e cumpridos. Todos vestidos de longas roupas pretas e montados em Dragões negros enquanto trancavam de três em três os Górmes em gigantescas gaiolas. Eram três crianças montadas em Dragões e com mais sete Dragões sozinhos.
O monteiro ficara si perguntando quem eram eles e para que prendiam os Górmes. Antes que começassem a entender, o rei dos Górmes que foi atingido por Thário na batalha, e, ficou com uma cicatriz na cara, não parava de olhar para o monteiro. Urrava ferozmente de dentro da jaula em que estava preso enquanto se distanciava indo para os céus de Sonar. O rei dos Górmes ia sozinho nesta gigantesca gaiola de ferro, e, o pequeno de cabelos negros que o levava, também não parava de olhar para o paladino.
A minoria dos Górmes fugia, e aquele turvo feito pelas flechas e lanças em chama, exalara fazendo com que aclarado permanecesse o dia.