segunda-feira, 8 de março de 2010

CAPÍTULO 6 - Ejru.





O vale Ejru. Conhecido como vale da morte. Fica em outra ilha mais ao sul de Athór, um lugar escuro e frio onde nenhuma alma limpa pela natureza conseguiria viver. Um lugar totalmente tomado pelo sortilégio de quem o habita. Colinas altas em neves. Árvores mortas e arbúsculos próximos às coxilhas deste lugar soturno, totalmente coberto pela geleira.
Uma senhora de cabelos grisalhos e cumpridos, jogados até o final das costas, onde estava sentada num trono, Aina era o nome desta. A feiticeira permanecia-se sentada enquanto olhava fixamente para uma bola de vidro, a mesma era iluminada por uma luz mágica tipo néon.
Um ruído feito pela porta adentrava no imenso salão em pilastras sustentando o teto. O ruído chega aos ouvidos da senhora ali sentada. A mesma levanta a cabeça convergindo seu olhar para a porta que se abria deixando o vento frio introduzir e circular pelo salão. O homem de roupas escuras que acabara de adentrar no local, dirigiu-se para próximo do trono caminhando pelo chão liso onde tudo se refletia. A senhora se levanta:
– Então. – disse ela. – Como está o velho Harunem?
- Digamos... Que ele deve estar fazendo uma visita aos Deuses dos céus. – respondera o homem de capuz na cabeça. – Minha visita em Lenólia foi um sucesso. – continuava ele enquanto levantava o braço esquerdo na altura do pescoço deixando a serpente sair da manga e deslizar pelo ombro até as costas.
- Ótimo Daknan. Então, tudo corre muito bem. – disse a feiticeira. – E onde estão os amuletos? – continuou ela ao se virar.
Daknan era um homem muito estranho, sombrio, vivia sempre com aquelas longas roupas escuras e capuz na cabeça querendo esconder o rosto. Será que seu rosto era deformado? Bom, não se sabe. A única coisa que se sabe sobre ele, é que ele é um mago negro. Não se sabia muito dele, mas que ele parecia ter muita maldade em seu sorriso barbudo... Isso ele tinha.
- Eu não os encontrei. – Não estavam com o velho. – diz o mago negro muito irritado.
- Como assim não estavam com ele! E onde estão?
- Não sei... Ele não quis dizer. – Preferiu a morte a me contar! – disse o homem baixando a cabeça fazendo com que o capuz cobrisse mais ainda seu rosto. Não estava com medo, pois não queria olhar para a feiticeira a qual tinha os olhos espectrais ardendo em chamas amareladas.
- O que vamos fazer agora... Minha mãe? – disse o homem diante da mesma.
- Devemos encontrar os outros dois amuletos que surgiram... Depois veremos o que fazer.
- Está bem... Vamos atrás destes e depois avassalaremos Lenólia.
- Só invadiremos Lenólia, após a junção dos cinco amuletos de Athór em nossas mãos. Enquanto isso... Destrua Dakron e seqüestre aqueles Dragões trazendo-os para Ejru. Comessem pelos mais velhos. Vamos vigiá-los até o final de suas vidas. Assim, ficaremos com todos os amuletos. Infelizmente temos que esperá-los morrer, a lenda diz que quanto mais velhos morrerem os Dragões, mais poderoso é o amuleto, pois se matá-los antes, os amuletos não surgem. - Reúna tropas de Tróres. Precisamos encontrar os amuletos. Enquanto isso... – disse a feiticeira convergindo-se para a sacada onde a mesma abrira as portas para a senhora passar. O homem de negro vinha atrás. – Vou fazer uma visita à Sonar. – continuara Aina agora se transformando numa bela coruja branca e voando em direção ao horizonte até Sonar.
O sinistro homem colocara as palmas de suas mãos sobre o muro baixo da sacada, a mesma era sustentada pela geleira em montes sob o lugar. Olhara para o horizonte e sorriu ao ver seus súditos montados em Dragões, se aproximando com os Górmes urrando presos em jaulas. O homem de negro olhara para baixo; - Soldado! – chamara ele, um das sentinelas que guardava o imenso portão gradeado daquele reino. – Reúna todos os Tróres da ilha... – disse ele para aquela atalaia que também era um dos Tróres. – Vasculhe cada gruta, cada um dos montes em meio a essa geleira e façam um exercito revestindo-os de armaduras. – continuava ele enquanto iniciava-se a nevasca. O Tróre tira a base de sua lança do chão e se afasta correndo deixando o outro guarda sozinho, e foi atender ao pedido do homem de negro que adentrava no salão distanciando-se da sacada.
Os Tróres eram horríveis com seus corpos magricelas, alguns meio banguelas com suas caras tortas. Os Tróres vivem em Ejru, e servem a Aina e ao homem de vestes negras. Com elmos protegendo as cabeças com apenas pouquíssimos e longos fios de cabelos, e também algumas partes de armaduras revestindo seus franzinos corpos, eles defendem o reino de Ejru com suas próprias vidas.
As gaiolas ficaram abertas. Os Górmes saíram de dentro das mesmas se espalhando pela ilha. O pequeno de cabelos negros, após soltar o rei dos Górmes, vai até a sacada montado em seu Dragão e pousa em meio à neve espalhada. Ao descer do Dragão, o pequeno adentrara no salão indo para perto do mago negro que permanecia de costas.
- E agora. O que será feito? – disse o pequeno. – E onde está à senhora Aina?
- Aina foi para Sonar. – disse o homem misterioso. – Enquanto isso... Vocês voltarão para lá, onde fica o Bosque Sombrio e capturarão mais Górmes.
- Sim senhor... meu pai. – disse o garoto pondo-se de joelhos. - Voltaremos imediatamente para lá, mas... Tem um problema.
- E o que é?
- Ao chegarmos ao Bosque Sombrio. Deparamo-nos com alguns cavaleiros do rei, que estavam em séqüito dum homem muito alambre e arrojado que sozinho conseguira acabar com muitos dos Górmes. – continuava o pequeno ao falar de Thário. – Talvez ele de trabalho.
- É mesmo. Então mate esse tal cavaleiro arrojado e quem trombar pelo caminho. – disse Daknan permanecendo de costas. – Levem também as moças do campo, pois ninguém pode desconfiar de nossos planos. Já beberam de minha poção, ao chegarem a Sonar... Nunca se recordarão do lugar onde estavam, e ninguém virá descobrir sobre nós já que o velho Harunem está morto.
Rayro não era o único filho de Daknan. Os outros dois também eram. O loiro chamava-se Danio, e o de cabelos castanhos e cumpridos era Róri. Todos os três eram magos negros também, ainda aprendizes, mas, com tempo serão como seu pai, e daí então a maldade crescerá a cada dia subindo pelas artérias até as suas mentes tomadas pelos sortilégios.



Os magos continuaram a jornada pela trilha lentamente enquanto rumavam para Sonar. Hannced ia à frente, sempre cuidara muito bem de seu cavalo. Enquanto com uma das mãos o mago segurava a rédea, a outra carinhosamente deslizava pela cerda de seu tordilho, o mago olhava para todos os lados, pois estava encantado com tamanha beleza vista na floresta. Guimans que vinha ao lado, também encantado com a beleza do lugar, o mago de cabelos arrepiados permanecia boquiaberto enquanto olhava para alguns animais raros que ele nunca chegara a ver na vida. O jovem mago se interessara muito por um deles que estava em cima de uma pedra enquanto saboreava uma maça.
– Nossa! Que animal é este? – disse Guimans ao continuar olhando.
- Se não me falha a memória, este é um Totim. – fala Ortí, também muito feliz por estar diante de um animal tão raro.
- É mesmo? E como você sabe? – perguntara Guimans.
- Quando eu era pequeno, meu pai me falava sobre os animais da floresta, e pelo visto, ele me descrevia-os muito bem, por isso tenho certeza que este é um Totim.
- Há é. – E como o velho Ortes entrava na floresta sem que os espíritos dos antigos magos pudessem expulsá-lo? – disse Guimans debochadamente.
- Meu parvo. – disse Ortí. E para variar, o mesmo enchia a caneca, mas agora era de leite. – Meu pai foi um grande mago e um excelente observador. E se você não sabe, ele também já foi um ministro, e, entrava em Lenor-Ruduer, quando quisesse. – continuava ele com a ironia enquanto tirava da cesta uma rosquinha. – Além dos animais que nós já conhecemos por conviverem conosco em Lenólia, existem também as espécies raras da floresta, dentre elas, os Totins. – Os Totims não têm pêlo algum em seu corpo magricela, sem rabo e com seus braços e pernas finos como se fossem gravetos, suas mãos e pés eram grandes e cumpridas. Os Totims andam de pé, como nós. Aliás, eles se parecem conosco pelos seus jeitos de serem, eles só não chegam a ter o nosso tamanho e aparência. Eles têm mais ou menos o tamanho de nossas pernas. Sua fisionomia chama muito a atenção, pois seus rostos vivem em tristeza, parecem até que choraram a vida inteira. Com seus olhos grandes e esbugalhados quase que saltando de seus rostos, que, também eram muito finos. Dentro de suas bocas, dentes pequenos e muito que dos bem afiados para poder triturar qualquer casco de caracol. Tinham também um nariz tão pequeno que quase não se podia ver, e, eles tinham pavor de tudo, achavam que tudo podia fazer mal a eles, menos... Os insetos e lesmas, pois eram seus alimentos. Apesar de eles serem assim e terem esse jeito, os Totims são muito dóceis, não fazem mal algum a ninguém, e, o que eles mais gostam de fazer, é se balançarem pelos galhos das imensas árvores da floresta. – terminava Ortí enquanto via aquele Totim que estava em cima da raiz mastigando um caracol, agora já subia na árvore e depois se lançava de galho em galho enquanto se distanciava. Guimans ficava cada vez mais pasmado com o que assistia.
- Isso é maravilhoso não é! – disse Hannced. – Agora teremos os mesmos privilégios que nossos pais tiveram. – continuou ele falando para Ortí. Guimans baixou a cabeça, não muito bem ao ver os outros falando dos pais, pois seu pai não foi um ministro como os deles. Ortí e Hannced perceberam que Guimans estava triste e pararam de falar...
- Olha só! São cisnes azuis ali no lago. – disse Ortí quebrando o silencio e mudando de assunto.
- Nossa que interessante! – disse Hannced se empolgando com Ortí para animar um pouco Guimans que continuava cabisbaixo.

10 comentários:

  1. Valew por me motivarem galera.
    Também estou gostando muito de postar esta história no blog.
    Agradeço a todos.
    Abração!

    Kimura.

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  2. Caramba o texto me fez lembrar algumas passagens do livro O Hobbit!

    Abraços!

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  3. Cara, tu escreve super bem. Para entender a história tem que ler os outros capítulos.
    Só uma sugestão: e bom colocar o texto na cor preta e o background na cor branca. o texto na cor branca cansa os olhos ^^
    abs

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  4. Parabén Loreto, cada vez melhor, e isso se reflexo pelo pessoal que acompanha. Mas cá entre nós esse tal totim é um horror, rsrsr

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  5. Apesar de eu não ter lido os capítulos anteriores, devo considerar a habilidade narrativa do texto, essa temática que faz alusão a um ambiente medieval, com personagens como reis, magos, cavaleiros, et. tudo isso é bem construido no texto que faz deixar a imaginação do leitor constriuir bem a imagem da história narrada. Bom texto. parabéns.

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  6. Nossa, você tem uma imaginação e tanto..Os nomes são tão peculiares, a temática, o mistério..Adorei! Beijoca, amigo.

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  7. Meo, não para de surgir personagens nesta historia... não é uma crítica, rsrsr.

    Os nomes são complicados, mas também são muito legais.

    Parabéns Fê, tá muito empolgante.
    Bjus!

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  8. Fico até sem palavras pra dizer o quanto a sua historia está ficando cada vez melhor, lhe dou os sinceros parabéns. A historia é alegre, empolgante e aventureira. Você escreve uma vez por semana e só tenho que parabenizá-lo pelo desenvolvimento rapido e criativo.
    Parabéns, aquele abraço.
    Sucesso!

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  9. Realmente, cada vez melhor (2)
    Bjus!
    Leitora nº1.

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  10. Agradeço aos comentarios e as dicas interessantes.

    Obrigado a você, leitor fiel e seguidor.
    Abraços!

    Kimura.

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