domingo, 7 de fevereiro de 2010

CAPÍTULO 2 - O Monteiro.



Os cavaleiros de Sonar, após apearem de seus cavalos, marcham bosque adentro com uma leve viração em seus semblantes. Comedidamente, convergiram-se aclive abaixo em procura da caça. Com suas cotas de malha, elmos e couraças -, em séqüito, prosseguiam atrás de um homem que não era seu rei, porem muito hercúleo. O monteiro. Isso mesmo! É assim que os cavaleiros o apelidaram. Monteiro! O nome deste. É Thário. O arrojado de cavanhaque, cabelos compridos e amarrados, atentamente olhava para todos os lados em procura de sua caça. Thário era o único diferente de todos. Não era cavaleiro da realeza, não usava elmo, cota de malha ou couraça. Trajava-se de longas roupas presa num cinto, e também gostava muito de usar coletes, sempre de cores escuras. Thário era conhecido como monteiro por embrenhar-se atrás de sua caça, e conhecer cada canto de Sonar por peregrinar desde pequeno atrás de aventuras.
A tensão tomava conta do exército guiado pelo finório Thário. O silencio é quebrado ao escutarem os urros da caça que parecia se aproximar. Passaram próximos a um rincão ríspido pintado de um modo rústico jogado as moscas e cercado de pedriscos barrentos em meio a um pequeno lago. Alguns ficaram si perguntando se aquele lugar poderia ser um dos abrigos da caça em que procuravam. Queriam invadir. Mas no momento em que os mais velhos cavaleiros se aproximavam do lugar para poder revistar, eles acabaram se surpreendendo.
A comitiva fica detida ao ver em abundancia descendo dentre as coxilhas, muitos cães Górmes num alvoroço só. Os malditos cães saltavam de pedras em pedras até tocarem em solo arenoso, e, iam de encontro aos cavaleiros urrando ferozmente.
Os cães Górmes são uma espécie muito ruim e sombria. Moram em grutas rochosas com gotejo em poças. Grutas ascosas, adjacentes aos pés das montanhas Crisnã. Em algumas destas grutas havia muitos diamantes, era isso que deixava Thário e os cavaleiros satisfeitos, principalmente o rei, é claro. Nas grutas em que havia diamantes, os Górmes não chegavam nem perto, eles apenas as guardavam como algo muito importante. Apreciavam de longe o brilho dos diamantes. Não entravam nessas grutas por que eram sensíveis ao reluzir destas, e também porque eles eram muito grandes medindo cerca de três metros ao ficarem de pé. Cães grandes de costas largas em corcundas. Caninos grandes e afiados, cada cão com duas caldas bem peludas nas pontas.
Thário e os cavaleiros adoravam caçar os Górmes e terem diamantes como recompensa, e também adoravam apreciar a carne destes, pois era saborosa, para eles, a melhor carne que já existira, a mais suculenta e macia. Mas não era para isso que os cavaleiros estavam à procura dos Górmes. Não era para enriquecerem com diamantes ou se deliciarem com tal carne famigerada. O monteiro e os cavaleiros estavam no rastro deles, para desvendarem os desaparecimentos de algumas jovens mulheres dos campos de Sonar.
O rei suspeitava que os cães tivessem feito mal a elas e as levado para as grutas.
Thário olhara fixamente para um dos Górmes que estava parado em cima de uma das coxilhas. A fera também não parava de olhar para o monteiro. Sabia que o monteiro era destemido, foi ele quem já matara muitos Górmes. O rei dos Górmes começara a urrar. Descera da coxilha onde estava e foi em direção aos humanos.
Os Górmes adoravam a carne humana, do mesmo jeito que os humanos adoravam a deles. Mas como dificilmente aparecem humanos no Bosque Sombrio, muito menos próximo as montanhas Crisnã, os Górmes quase não conseguiam se deliciarem da carne humana. Por isso eles se alimentavam dos animais da floresta Ransor-vel, que fica ao lado do Bosque Sombrio e das montanhas Crisnã. Os Górmes saiam de suas grutas ao crepúsculo indo atrás de sua presa. Assustavam os animais da floresta com seus olhos amarelados, e surtiam bem ao se camuflarem na noite em meio o turvo com seus pêlos acinzentados.
O rei odeia os Górmes por de vez em quando assustarem os humanos, e por eles matarem e se alimentarem dos animais da floresta Ransor-vel. O rei queria dar logo cabo deles, por isso os cavaleiros são mandados junto com Thário para o Bosque Sombrio, se não, o rei iria ter que erigir uma fortificação com atalaias em altos portões, coisa que ele não queria.
Os soldados novatos da entidade, estacados pela aglomeração, começaram a reagir impetuosamente. Deixaram os passos lentos e inaudíveis pra trás, e mesmo com muito medo, foram pra cima dos Górmes sem a autorização do monteiro Thário que bradara alto pedindo pra pararem. Mesmo a voz do monteiro ecoando dentre o bosque, os novatos não deram audiência. Eram tolos de mais, queriam mostrar coragem para o rei mesmo com sua ausência. Um dos novatos agregado a mais dois confrades pestanejara muitas vezes ao se deparar com um dos Górmes se lançando de um jequitibá. Após cair em cima dos três soldados, a fera começara a devorá-los vivos. O monteiro fecha os olhos em devoção, enquanto lamuriava pelos convictos novatos da cavalaria. Thário ao ver alguns deles evadindo, começara a estrilar.
O monteiro começa a urrar para os soldados atacarem. Thário corria na direção do primeiro Górme que o atacara. As flechas dos arqueiros na retaguarda passavam por cima do alambre monteiro atingindo os cães a frente. O cão que ia de encontro à Thário, saltara ferozmente para cima do mesmo que se agacha enquanto ergue sua espada fazendo rasgar a carne do animal desde o focinho até o órgão genital. O Górme cai morto e ensangüentado atrás de Thário que se levanta com algumas gotas de sangue em seu rosto e vai de encontro a outro cão que vinha em sua direção. Desta vez, era o rei dos Górmes, que antes, afrontava o monteiro de longe. Sem que desse tempo para Thário se esquivar, a maldita fera atinge o monteiro no peito cravando suas garras e fazendo o forasteiro se afastar com o impacto. A fera investira. Ferozmente em mais um ataque o rei dos Górmes tenta. Desta vez o monteiro não vacila, segurara firmemente a espada com as duas mãos, e, num golpe, ele faz uma cicatriz cruzando a cara do animal, fazendo jorrar a seiva do mesmo para todos os lados. O rei dos cães meio cego se afasta do monteiro e consegue ajuda com outros Górmes.
Os arqueiros agora lançavam flechas em chamas que atingiam as corcundas de alguns dos cães.
Um dos novatos olha para o lado, e vê um dos veteranos da soldadesca clamando ao perder a cabeça numa abocanhada por um dos truculentos animais. Em seguida, o mesmo cavaleiro é atingido no peito sendo montado por outro Górme ávido a saciar do sangue do mesmo antes que ele atingisse o chão. O novato se sentia enjoado e estupefato ao assistir a cena, e, rezava para que a chacina acabasse logo para sair vivo. O Górme que devorava a cabeça do cavaleiro ficara de pé e inebriara-se da seiva do soldado que se acumulava no elmo.
Os outros novatos iam arfantes pra cima dos Górmes. Bradavam corajosamente com olhos marejados arrostando cada uma das feras.
O novato que assistia tudo ficava cada vez mais pálido e enjoado após ver o Górme, limpando o focinho com o antebraço, depois de se deliciar do sangue do cavaleiro no próprio elmo. Começara a vomitar ali mesmo.
Thário ficara balaustrado de Górmes que vieram ajudar o rei dos cães. Enquanto ferido e apenso a uma árvore estava. O forasteiro com o suor excessivo em seu semblante ficava cada vez mais com suas artérias fervorosas enquanto olhava nos olhos de cada fera que o circundava. Um dos truculentos cães sobe numa das raízes ariscas da gigantesca árvore. Arrostava o paladino sem trajes da realeza. O monteiro olhava nos olhos do animal, que, estava em cima da raiz enquanto soltava um largo sorriso expondo seus caninos ferinos para o forasteiro. Os Górmes almejavam a cabeça de Thário por ele matar muitos da espécie deles. Num ataque fulminante, o cão que estava em cima da raiz, lançou-se de encontro ao monteiro. Sem pensar duas vezes, instintivamente o forasteiro com sua espada decepara a cabeça do animal antes que chegasse com os dentes em seu pescoço. Acometidamente, mais dois cães saltam em direção ao monteiro, que, para se defender, sai do alinhamento de um destes fazendo-o ir de encontro à árvore que com o impacto, deixara o animal tonto enquanto o monteiro cravava a espada no peito cinzento do outro. O monteiro olha para o Górme que tinha ido de encontro à árvore. O animal não estava mais tonto, e tentou ferir Thário com suas garras. Mas não conseguira executar o golpe com caução, pois Thário com sua espada arranca a pata do Górme antes que o mesmo a erguesse totalmente. Então o Górme mancando, tenta escapar para bem longe do monteiro enquanto choramingava alto. Mas sem dar chance, um dos cavaleiros acerta a cabeça do cão com uma lança, fazendo-o se esticar no chão. O monteiro anuiu com a cabeça para o cavaleiro que acabara de matar o Górme.
Parecia que tudo estava acabando.
Felizmente, mais uma batalha ganha.
Houve perda de soldados. E por incrível que pareça, a perda maior foi de veteranos que negligenciaram suas espadas. Porem, os novatos se saíram muito bem, - não dá para saber se foi graças o terror que avassalou os corações deles... mas realmente se saíram muito bem.
Olharam para cima de um dos montes e viram três crianças, um de cabelos negros, outro de cabelos loiros e outro de cabelos castanhos e cumpridos. Todos vestidos de longas roupas pretas e montados em Dragões negros enquanto trancavam de três em três os Górmes em gigantescas gaiolas. Eram três crianças montadas em Dragões e com mais sete Dragões sozinhos.
O monteiro ficara si perguntando quem eram eles e para que prendiam os Górmes. Antes que começassem a entender, o rei dos Górmes que foi atingido por Thário na batalha, e, ficou com uma cicatriz na cara, não parava de olhar para o monteiro. Urrava ferozmente de dentro da jaula em que estava preso enquanto se distanciava indo para os céus de Sonar. O rei dos Górmes ia sozinho nesta gigantesca gaiola de ferro, e, o pequeno de cabelos negros que o levava, também não parava de olhar para o paladino.
A minoria dos Górmes fugia, e aquele turvo feito pelas flechas e lanças em chama, exalara fazendo com que aclarado permanecesse o dia.

domingo, 31 de janeiro de 2010

CAPÍTULO 1 - Uma reunião surpresa - parte 3.

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É chegada à alvorada, o sol raiava dentre as montanhas deixando toda Lenólia irradiante. Os pequenos noturnos filhotes de dragões recolhiam-se para suas grutas e de lá só saiam ao crepúsculo.
Um facho de luz invade o quarto de Guimans pelo buraco da cortina que dava passagem à sacada, o atingia diretamente na pálpebra do olho esquerdo fazendo-o despertar de seu sono. Não querendo se levantar virara-se para o outro lado cobrindo-se ate a cabeça. Isso acaba não servindo de adianto, pois um zumbido irritante passava próximo ao seu ouvido, indo e vindo sem cessar. Assoprava com o canto da boca para cima, para baixo, para direita e para esquerda enquanto o inseto tentava pousar em si. Não queria levantar-se de jeito nenhum. Pegara o travesseiro e colocara em cima do ouvido. Como se não bastasse à importunação daquela mosca, e achar que poderia prolongar seu descanso, outro barulho volta a interromper o seu sono, só que desta vez era cem vezes mais alto do que a mosca. – Benng! – um barulho ensurdecedor o faz tomar a decisão de se levantar. O retinir era de um dos sinos de Lenólia soando. Guimans se levanta e abre a cortina de seu quarto deixando que à luz do por do sol, introduzir-se em seu quarto enquanto protegia seus olhos com o antebraço esquerdo. Vai até o pequeno muro de pedra no final da sacada e se espreguiça ao longo de um bocejo. O mago de cabelos curtos e bagunçados num estilo moicano era muito jovem, também, muito inteligente. Com os seus cinqüenta e cinco anos e aparência de dezesseis, ele era muito brincalhão e ensinava muito bem seus aprendizes. Os pequenos aprendizes de magos que eram seus alunos os adoravam por ele ensinar de uma forma teatral.
Ao termino do bocejo, Guimans vê no horizonte um pequeno aprendiz vindo a cavalo em direção a sua moradia. O mago coçava a cabeça enquanto dizia: - Hóh não! O que ele quer há esta hora. – o aprendiz vinha rápido e com o corpo balançando de um lado e para o outro. Guimans virou-se e foi para dentro do quarto. Ao retornar em seu leito, novamente ouve o zumbido da mosca que junto ao retinir do sino, tinha atrapalhara seu descanso. – Deuses, por favor hoje é sábado! – diz o mago olhando para a mosca, a qual sobrevoava a cabeça deste enquanto pegava o mata-moscas em cima do criado-mudo. – Pois mosca, lhe digo, não me atormentaras mais! – continuou o mesmo ao convergir até o inseto que chegara a pousar no armário. Arfante foi o mago de encontro à mosca que não conseguira pegar na primeira tentativa. – Droga. Pegar-te-ei sua tola! - Guimans corria atrás do inseto para cima e para baixo com mata-mosca na mão. Subia na cama uma vez e num salto tentava alcançá-la, subia outra vez e nada, tentava outra vez agora mais alto para acertá-la, e nada novamente.
Foi quando o mago olhou para o criado-mudo onde tinha encontrado o mata-moscas, e em mais uma tentativa ele sobe na cama, depois pisou com um de seus pés no criado-mudo para pegar mais impulso e subir mais alto para alcançar a mosca. Mas infelizmente Guimans não conseguira executar seu plano com caução. O mago escorregara-se no criado-mudo, cujo mesmo era coberto por um tecido rubro lanoso. – Ai! – disse ao se espatifar no chão de madeira. – Pois bem. Eu não ligo. Vou desjejuar. – continuara o mago enquanto se levantava. Guimans dirigira-se para a escada espiral de seu quarto que descansava em piso verniz o ultimo degrau no cômodo indo para sala. Assim que desceu foi ao encontro de um tonel após ter pegado uma caneca em cima da mesa. Foi encher de cerveja, querendo se inebriar. Novamente escutara o zumbido da mosca e não chegara a pensar duas vezes. Apanhara uma balde, cheio de água e corria com o mesmo atrás da mosca que escapava para janela a qual permanecera aberta a noite inteira.
Nirold chegara à porta da casa de Guimans, estava bem consigo ao conseguir parar com o cavalo e depois apear. Mas sua felicidade dura pouco ao se deparar com águas em abundancia que cobriram seu corpo por inteiro.
- Chiii... Desculpe-me pequeno. – Guimans sai da janela e vai de encontro à Nirold que estava parado lá fora. – Então pequeno você esta bem? – disse o mago enquanto desce os degraus da varanda e segura nos ombros de Nirold.
- Huho. Huho! Vim lhe trazer um recado do senhor Vesseu. – diz o pequeno ao tossir.
- Então me diga logo! – diz o jovem mago ansioso.
- Vesseu e Herutam estão lhe esperando para uma reunião na pedra do lago. – continuara o pequeno com há voz um pouco rouca, pois também tinha engolido água.
- Logo agora que comecei a saborear minha cerveja, e também já ia ascender meu cachimbo! – exclamara o mago.
O pequeno Nirold ficara assustado novamente, pois além de descobrir que um mago, desjejua três vezes como Ortí, agora fica mais uma vez surpreso por saber que Guimans fuma seus cachimbos e bebe de suas cervejas àquela hora da manha.
- Mas diga-os que eu estarei lá o mais rápido possível. – disse Guimans enquanto içava Nirold pelas axilas fazendo-o montar no cavalo, e depois da uma tapa na anca do tordilho do pequeno que dispara novamente aclive abaixo.
- Até mais, pequeno desatinado! – E me desculpe pelo banho! – diz Guimans sorridente enquanto acenava.
- Não sou desatinado! – bradara Nirold.
Novamente passava-se naquela situação. O pequeno estava agradecendo aos Deuses por finalmente estar indo de encontro a ultima casa, a casa de Hannced.

Ao renascer de mais um dia como todos os outros, Hannced tinha acordado com os sinos de Lenólia soando. Vai até a sacada de sua casa montada e esculpida em rochas, e vê todos os aprendizes filhos de outros magos, brincando e o chamando para começar os ensinamentos. Hannced sai rindo de sua sacada.
Hannced tinha noventa e dois anos numa aparência de trinta. Os magos Ortí, Guimans e Hannced eram os magos mais jovens de Lenólia, por isso suas aparências são mais novas.
Hannced vai até a biblioteca e pegara seu chapéu e cajado.
A casa de Hannced não era tão longe da de Guimans. Por isso Nirold consegue chegar mais rápido desta vez.
Hannced sai de sua casa de olho nos aprendizes enquanto dizia sorridente:
- Meus pequenos... Hoje é sábado, não tem aula.
Todos então desanimam.
- Nos ensine apenas uma magia, por favor! – diz o interlocutor.
- Esta bem. – Querem saber como faz para objetos levitarem sem que nada visível o sustenha ou suspenda?
- Mas é claro! – disseram eles.
- Rutluerr! – diz Hannced fazendo com que uma pequena pedra ali perto levitasse. Todos ficaram surpresos e empolgados para também conseguir fazer.
Todos tentaram juntos.
- Rutluerr! - Rutluerr!
- Rutluerr! - Rutluerr! - Rutluerr!
Um após o outro tentaram, mas só alguns conseguiram levitar pouco, mas acabavam perdendo a concentração, e deixando as pedras caírem de volta ao chão.
Nirold já chegava ali perto cansado e enjoado por tanto se sacudir em cima do cavalo. O pequeno de fraco que estava, chegara a cair do cavalo. Hannced fica estupefato ao ver a cena, e quando ia fazer alguma coisa ele se surpreendera; - Rutluerr..! Um de seus aprendizes usou a magia que ele acabara de ensinar. Nirold começara a levitar e lentamente foi colocado no chão. Hannced vai até o pequeno, e levantando a cabeça com uma das mãos, perguntara a ele preocupado:
- Esta tudo bem?
- Sim estou. Só vim lhe trazer um recado, se for o senhor Hannced? – disse o pequeno um pouco tonto.
- Pois sou eu mesmo. – respondera o mago. – Pode prosseguir.
- O senhor Vesseu e o senhor Herutam, estão o esperando para uma reunião na pedra do lago. – fala o pequeno se levantando. – Mas se o senhor não chegar logo, vão achar que é culpa minha, pelo meu atraso, e não vão gostar nem um pouco. – terminara ele.
- Não se preocupe, o importante é que você esta bem. – Hannced tirara seu chapéu e dentro dele, com uma mágica, tirara um cantil. – Isso vai ajudar a se recuperar. Agora pode ir! – E diga a eles que estou chegando. – diz o mago indo na direção de seu cavalo, um tordilho de cor marrom bem escuro quase negro, e de crina e patas brancas. O mago monta no cavalo e vai para perto do aluno que ajudara o pequeno Nirold.
- Parabéns Rayro... - Surpreende-me cada vez mais.
Então o mago foi à reunião muito contente com o desempenho de seu aluno. Pegara outro caminho enquanto Nirold voltara pelo mesmo de sua missão.

domingo, 24 de janeiro de 2010

CAPÍTULO 1 - Uma reunião surpresa - parte 2.

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Ortí é um mago muito amigável, com os seus oitenta e três anos, ele vive sorridente e se contenta com qualquer coisa. Sua aparência é de uma pessoa de vinte e cinco anos e o que Ortí mais gosta de fazer é comer, não é a toa que é tão gordo e meio desengonçado também, as crianças o adoram, principalmente seus alunos quando aprendem algumas magias que fazem aparecerem doces e outras guloseimas mais.
- Aquela deve ser a casa de Ortí. – falara Nirold olhando para uma residência de madeira com uma rede para descanso cruzando a varanda de ponta a ponta. – Vamos lá cavalinho, agora quero saber se sabe parar sozinho. – balbuciara baixinho o pequeno aprendiz com seu rosto apenso à orelha do cavalo, e também assustado sem saber o que pode acontecer se não conseguir parar com ele.

Em casa estava Ortí preparando-se para mais um desjejum. Glutão que era, sentado numa poltrona de frente para o forno, não tirava os olhos do mesmo o qual estava preparando um delicioso bolo de fubá, que claro era o seu predileto. No momento em que a lâmpada no canto superior esquerdo se acendera, instintivamente levantara-se de sua poltrona muito ansioso e com um pano foi retirar o bolo. Ao abrir o forno, se depara com uma fumarada junto a um bafo quente vindo de encontro ao seu rosto. Enquanto tossia, abanava a fumaça com o pano que estava em sua mão fazendo-a espalhar-se e afastar-se de seu rosto.
- Hóh’! Raios. Não acredito! – bradou Ortí ao ver seu bolo todo queimado. – Acho que preciso trocá-lo. – diz ele olhando para o forno. – Parece que você esta um pouco velho, meu amigo. – continuou o mago após ver um dos botões caírem no chão. Olhara para o forno, o qual estava cheio de poeira, oxidado e caindo aos pedaços. Colocara toda a culpa nele, pois sabia que era um bom cozinheiro, e, realmente era um cozinheiro de mão cheia.
- Hei! Espera ai! – disse Ortí olhando pra mesa e vendo um rato abocanhando uma deliciosa fatia de queijo parmesão.
O rato de tão assustado com a atitude do mago, pulara para a cadeira e em seguida para o chão sem deixar o pedaço de queijo cair. Corria em direção a um orifício na parede de madeira que dava passagem para o lado de fora. O mago sabia que não o alcançaria e então foi o mais rápido que pode até a mesa onde estava encostado seu cajado, e o pegara após ter deixado o bolo em cima, depois foi dar uma lição ao rato.
- Já vi que hoje não é meu dia! - exclamou Ortí. – Rutluerr! - continuara ele lançando uma magia contra o rato. O bicho começara a levitar de cabeça para baixo como se tivesse sido apanhado pelo rabo. Ortí conduzia-o para perto de si. - Achou que ia escapar hospedeiro. – diz o mago olhando fixamente para o rato que agora estava muito mais próximo e na altura de seu rosto. – Finalmente te peguei ascoso. – continuou ele enquanto retirava o pedaço de queijo da boca do rato.
Mesmo assim o rato ainda tentava recuperar a fatia de queijo que tinha furtado há pouco. Desesperadamente, esticava seus curtos braços ao Maximo, mas Ortí não vacilava, e o afastava sempre que chegava perto do pedaço de queijo. O bicho com uma de suas sobrancelhas levantada olhava bravo para Ortí, e para deixar ainda o mago mais irado, o rato mostra a língua e assopra fazendo-a tremer e soltar um pouco de saliva de sua boca debochando ainda mais.
- Mas que impertinente. – diz o mago após virar seu rosto tentando se livrar do cuspo debochado do rato. – Agora me deixe desjejuar em paz e nunca mais volte. – terminara Ortí ao expelir pela janela o bicho de sua casa que foi parar bem longe dali.

- O que é aquilo! – diz o pequeno aprendiz assustado ao ver um rato sendo lançado pela janela indo parar bem longe daquele lugar que parecia mais um rincão. O pequeno se conduzia para a morada de madeira onde a mesma estava com as luzes acesas, cuja lâmpada da varanda era rodeada de cupins.

Ortí cantava alegremente após ter expulsado o rato de sua casa que já o atormentava há muito tempo. Sua canção era mais ou menos assim:

Finalmente te peguei,
Peguei-te rato
Desta vez não deu,
Tentara ser arrojado?!
Hoje não foi o seu dia ascoso seu chato.

Se voltar será pior,
Pois desta vez, não terei dó.
Se te pego de novo,
Jogo-te pros lobos.
Jogo-te pros lobos. Hahahaha..!

O mago cantava feliz, e enquanto iniciava a canção dizendo “finalmente te peguei” ele tirava o bolo queimado de cima da mesa para jogar no lixo. Continuava cantando enquanto voltava à mesa, e enquanto dizia “tentara ser arrojado” parava diante a janela e olhava para fora erguendo suas sobrancelhas e depois continuava cantando, agora em deboche “hoje não foi o seu dia ascoso seu chato”. Não parava de cantar mesmo após ter sentado, dava altas gargalhadas enquanto vermelhas ficavam suas bochechas.
- Para! - Para! - O pequeno Nirold gritava com seus olhos esbugalhados.
- Mas... O que é isto! - Ortí parara na hora com suas gargalhadas e cantoria, e foi ver o que estava havendo.
- Uoooou! - continuava o pequeno mago gritando enquanto era arremessado pelo cavalo, passando por cima da cabeça do tordilho que parara para beber água, num dos tonéis próximo aos dois degraus da varanda de Ortí.
O mago abre a porta de sua casa deparando-se com um pequeno de cabeça branca, onde estava sentado em cima da rede que se esticara no chão após ter sido arrebentada pelo pequeno mago.
- Que maus ventos o trazem até aqui pequeno desatinado? - diz Ortí nem um pouco animado com a presença de Nirold.
- Desatinado eu?! - respondera o pequeno humildemente. – Mas...
- O que quer após ter estragado meu desjejum? – diz Ortí ao cortar as palavras do pequeno aprendiz.
- Desjejum! – espantou-se o pequeno enquanto se levantava e se limpava daquele chão arenoso. – Como pode desjejuar a esta hora. – E não sou desatinado! – exclamara ele.
O pequeno olhava para aquele céu escuro, pois não acreditava que Ortí desjejuava àquela hora da madrugada. Também ficara chateado por ter sido insultado, não agüentava mais aquela situação. Pensava consigo mesmo ao lembrar: - “se já não bastasse Herutam, agora tenho que ouvir insultos de Ortí”.
Nirold não era notório, só não sabia andar a cavalo, por isso não se considerava um desatinado simplesmente por que não conseguira parar e apear do animal.
- Ainda bem que não veio mais cedo, se não atrapalharia meu primeiro café da manha, que para mim, é o mais importante.
- Hâ! – Como alguém pode ter dois cafés da manha? – diz o pequeno, abismado.
- Na verdade como hoje é sábado e não dou aula, eu desjejuo três vezes. – Por isso começo bem cedo.
- Hâ! - Nirold se assusta novamente ao saber das três refeições da manha do mago.
– Mas e você... não quer entrar e compartilhar comigo. – falara Ortí agora mais calmo e também abrindo espaço ao fazer uma reverencia convidando o pequeno mago para entrar.
- Não. Muito obrigado, só vim lhe trazer um comunicado importante.
- Pois então me diga qual é o comunicado importante?
- Os senhores Vesseu e Herutam estão lhe esperando na pedra do lago para uma reunião.
- Mas há esta hora?! – continuara Ortí sem entender nada. – Pois bem, estarei lá. - Ortí entra para pegar seu chapéu pontudo e cajado enquanto da porta ouvia Nirold dizendo:
- Até mais meu senhor! – o pequeno ia em direção ao cavalo que estava ao lado de uma pedra.
Em segurança o mago fechava a porta de sua casa enquanto tomava um gole de café na caneca em que com o mesmo braço, segurava uma cesta com diversos mantimentos como; pães, frutas e outras guloseimas mais.
- Até mais ver meu pequeno! – E também, muito obrigado! – diz o mago de boca cheia depois de desajeitado quase ter derramado o café ao ter dado uma mordida num dos pães que pegara no cesto.
No cume de uma pedra o pequeno ouvia o mago. Cuidadosamente tentava subir no cavalo, e após algumas tentativas, totalmente sem jeito ele consegue montar.
O mago Ortí sobe na carroça onde seu cavalo estava preso, um belo tordilho de cores malhadas como marrom claro, preto e branco. O mago com a mão esquerda segurava a rédea do animal, e com a direita segurava a enorme caneca em que tomava seu café. Dirigia-se para perto de Nirold que acabara de se ajeitar no cavalo e dizia:
- Vamos lá se não vai amanhecer e ainda tem que avisar outros magos. – enquanto isso, Ortí colocara a rédea na boca quando via o pequeno fazendo impulsos para frente querendo que o cavalo começasse a galopar. Ao se aproximar de Nirold, dera uma tapa na anca do cavalo do pequeno que disparara novamente como na vez que Vesseu também dera. Nirold começara a acreditar que realmente estava desatinado por estar ali. O pequeno prosseguira fugaz novamente mato adentro enquanto Ortí ia por outro caminho a diante. O barítono mago prosseguira cantando a musica que fizera para o rato que finalmente conseguira expulsar de casa; - Jogo-te pros lobos. Hahaha! – cantava ele seguida de varias gargalhada.

domingo, 17 de janeiro de 2010

CAPÍTULO 1 - Uma reunião surpresa - parte 1.

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Lenólia, 15 anos após o acontecimento com Ceny.
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Ali estavam sentados Vesseu e Herutam, com suas longas roupas e capuzes cobrindo suas cabeças enquanto fumavam seus cachimbos.
Debaixo de uma árvore, olhavam para o céu estrelado e para a lua que se escondia em meio àquele imenso arvoredo próximo ao lago.
Os magos adoravam sair na noite. Gostavam muito de ver o pôr do sol, e, principalmente admirar os filhotes de dragões sobrevoando em círculos sobre o mar à noite.
Era uma madrugada fria de primavera. As folhas das árvores soltavam-se com o vento que vinha do sul, e tocavam o solo dos campos cercados por vários tipos de flores e plantas de Lenólia.
- Mas que demora! - resmungou Herutam enquanto tirava o cachimbo de sua boca e soltava à fumaça no ar, num formato de dragão.
Herutam não era dado à boa conversa. O mago de barba rala era intolerante, e com apenas um olhar botava medo em muitos de seus alunos. Era muito mais do que desagradável em diversas ocasiões, por isso todos os magos principiantes morriam de medo dele, pois se fizessem ou falassem tolices, Herutam os transformaria em algum objeto ou animal como castigo.
- Calma Herutam. Ele já vai chegar. - dizia Vesseu enquanto jogava migalhas de pão para os pássaros que se alimentavam ao seu redor e também perto de seus belos cavalos. Animais muito bem cuidados, belos tordilhos, um de pêlo todo marrom que pertencia a Vesseu, e o outro de pêlo totalmente preto que pertencia a Herutam.
Ao contrário de Herutam, Vesseu se relacionava bem com qualquer um, claro que no momento em que está ensinando magia a seus alunos, ele é de uma rigidez tremenda.
Clérc...
– Ai!
- O que foi isso? - perguntou-se a si mesmo Herutam ao ouvir o som de um graveto sendo quebrado perto de seus cavalos que se agitaram.
Vesseu dirigiu seu olhar para os cavalos em quanto calmamente soltava de sua boca um pouco de fumaça após mais uma tragada. Olhara fixamente naquela direção. Os cavalos relinchavam e empinavam-se de tão agitados que estavam com o barulho.
- Calma meus amigos! – Sou eu, Nirold. - diz o rapazinho que sai em meio aquele turvo atrás dos cavalos.
Nirold era apenas um menino de nove anos de idade, meio desajeitado.
- Tinha que ser esse tolo, além de se atrasar tem que assustar o meu cavalo. - resmungou baixinho Herutam.
Nirold, amedrontado, tentava aquietar os animais erguendo suas mãos e pedindo calma a eles.
Vesseu se levantara e foi em direção aos cavalos para acalmá-los. Segurando-os pelas rédeas, o mago, carinhosamente passara as mãos na crina de cada qual, fazendo-os ficarem mais relaxados com sua presença.
- Está atrasado meu aprendiz. – Escolhi você porque é meu melhor aluno. - disse Vesseu dando as costas para o pequeno mago principiante e voltando para onde estava sentado, numa grande raiz que ele fizera de banco. Não estava muito contente com o atraso de seu aprendiz.
Nirold foi atrás. Ainda um pouco assustado com a situação anterior, e por seu mestre não ter gostado nem um pouco de seu atraso e ter chamado sua atenção. Nirold estava curiosíssimo pensando em que tarefa tão importante seu mestre teria para ele.
- Preciso de um favor seu, meu pequeno. – Vesseu colocara o capuz para trás das costas, expondo os cabelos compridos.
Nirold olhara pra cima, cujo céu sem mais o brilho das estrelas e do luar deixaram de existir ao vir da garoa. E o vento ficava cada vez mais tenso.
- Mas mestre, olha para esse tempo! – bradara Nirold.
Mofino que estava o pequeno aprendiz com suas mãos frias esfregando-as uma nas outras tentando se aquecer.
Já não dava mais para ver a lua, as arvores se entortavam com a força do vento, e as mais novas e menores iam com suas copas quase que de encontro ao chão.
Ao ver esta situação em que o futuro mago passava, Vesseu resolvera tomar providencias com uma de suas magias: – Asnerio Raluu! - Lançara com força à base de seu cajado de encontro ao chão. Desde então se fez de um clarão iluminando o cajado por inteiro. Aquele clarão dirigiu-se até o céu onde se formara um raio muito que do barulhento. Herutam e o pequeno Nirold se agacharam após ouvirem o estrondo, que deste, fez-se com que à garoa passasse e o intenso vento veio a se transformar apenas numa viração.
O pequeno Nirold ficara muito surpreso e soltara um curto sorriso de feliz que estava ao ver tamanho dom exercido por seu mestre, pois raramente os magos usavam seus poderes sem ser numa ocasião importante. No mesmo instante fez-se até que à geleira nas mãos de Nirold parasse, pois também nunca chegara a ver uma primavera daquelas.
- Então seu insolente! – Melhor assim pra você? – disse Herutam com sua voz estridente.
- Agora deixe de ser impertinente e ouça-me. – Completou Vesseu.
Vesseu assoviara para seu cavalo que se alimentava no gramado. O belo tordilho obedece ao chamado de seu mestre e se aproxima, parando ao lado de Nirold.
- Meu aprendiz; Apresento-lhe, relâmpago das montanhas. – Relâmpago... este é o pequeno, Nirold, cumprimente-o. - falava Vesseu erguendo suas longas e espessas sobrancelhas brancas. E educadamente o cavalo faz uma reverencia.
O aprendiz dera um passo para traz. Com olhos arregalados o pequeno Nirold fica admirado com a inteligência do animal. Abre um sorriso espontâneo e vai para perto do cavalo para carinhosamente passar a mão em sua cerda.
- Hei!
Içado pelas axilas, Nirold ficara sem entender nada.
- Ira cavalgar até a morada dos magos, Ortí, Guimans e Hannced. Diga-os que Herutam e eu estamos os esperando para uma reunião de estrema urgência. – Terá de ser rápido, pois chegara atrasado e já vai amanhecer. - explicava, Vesseu enquanto montava o pequeno no cavalo e arrumava a cela.
- Mas meu senhor, nunca andei a cavalo! - Não sei nem como faço para conduzi-lo até a nobre casa de cada um dos magos.
- Hehe! – È muito simples meu parvo. – dizia o mago de cabelos curtos, se intrometendo na conversa e zombando do pequeno aprendiz. – É só direcionar a rédea para esquerda que o cavalo vai para esquerda, ou direcionar para direita que o cavalo vai para direita. – Há... E se bater com os calcanhares na barriga dele, sua velocidade aumenta. – Terminou Herutam quase que se esquecendo.
Nirold pensava com sigo mesmo:
“Para que vou ser veloz com algo que nem sei manusear.” - Mas eu nem sei onde moram esses magos! - exclamou ele após o pensamento.
Tão leigo que era o pequeno que realmente não sabia onde moravam os outros magos, conhecia apenas a casa de Vessu, porque é seu mestre, e as aulas são na casa do próprio. Por mais afetivi que fosse o pequeno, não conseguira convencer seu mestre.
- Pois lhe digo para não se preocupar. – Relâmpago das montanhas sabe, ele só não sabe falar, por isso preciso de você, se não, nunca o chamaria! – Também não mandei por escrito porque fiquei com medo que o cavalo perdesse os pergaminhos de cada um dos magos. – enfatizava ele enquanto novamente passava a mão na crina de seu cavalo. – Agora vá! E não demore! – terminara o mago sem mais paciência.
Vesseu com um pouco de força, dera um tapa na anca de seu cavalo fazendo-o com que disparasse mato adentro pela trilha. O pequeno se assustou com o impulso do animal e teve sua cabeça e tronco jogados pra traz. Segurava-se firmemente nas rédeas, pois seu corpo era jogado de um lado para o outro como se fosse um João bobo. Teria de ser cauteloso ao estremo para não se machucar.
Fora em direção à primeira casa, à casa de Ortí.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Prefácio.



Ceny estava em seu quarto quando ouviu uma pedra atingir a porta dupla que da passagem à sacada.
Tomou um susto.
Levantou-se e fora abrir as cortinas que ocultavam a porta.
Em seguida sua mãe batera em seu quarto. Uma senhora esguia, de cabelos loiros grisalhos e vestindo uma comprida camisola branca.
- Ceny, ta tudo bem?
- Sim mamãe, está tudo ótimo. – disse a jovem, sobressaltada, torcendo para que a mãe não adentrasse o quarto.
Alguns fachos de luz fraca irrompiam pelas brechas da porta da sacada.
A mãe do outro lado da porta estranhara por um momento. Mesmo assim nunca tirara a privacidade da filha, não seria agora que invadiria o quarto da garota.
- Está certo filha, boa noite então.
- Boa noite mamãe. – respondera a menina enquanto deslizava o trinco de cima, destrancando a porta dupla, comedidamente, para que sua mãe não percebesse e voltasse.
Ceny viu a sombra de sua mãe deixar a soleira da porta de entrada. Depois abrira os outros dois trincos, o do meio e o inferior.
Abrira a porta no mesmo instante que fora atingida por uma pedra na testa.
Gemeu sem exageros. Pensando se as estrelas que via eram alucinações por causa da dor, ou se elas pertenciam àquele céu.
- Droga! Desculpe Ceny. – sussurrou outra jovem de cabelos negros que esperava Ceny lá embaixo.
- Sem problema, espera só um pouco. – respondeu a jovem na sacada, afagando a testa numa careta querendo diminuir as pontadas. Voltara ao quarto e tirara debaixo da cama vários lençóis parecendo um varal de nós. Pegara a ponta de um lençol vermelho e o amarrara no para-peito da sacada de madeira. Quando viu que estava firme, jogara o resto dos lençóis pra fora com a outra ponta quase alcançando o chão.
Pulara o para-peito, agarrada no lençol, com cuidado para não se machucar. Deslizara com paradas rápidas em cada nó.
- Cinto muito se te machuquei e fiz muito barulho. – disse a garota ajudando Ceny a chegar ao chão com caução.
- Pelo menos não me arrancou um olho, e ainda bem que minha porta não é de vidro. – respondeu sorrindo. – Não tinha outro jeito para chamar a atenção? Vamos logo antes que eu me encrenque.
- Certo. Vamos que já ta na hora. – disse a jovem de cabelos negros, soltos até os ombros enquanto segurava a mão da amiga, conduzindo-a consigo até o portão da cidade.
- Tilla, ainda acho que isso não é uma boa idéia. – fala Ceny sendo guiada pela amiga enquanto seus cabelos loiros oscilavam presos numa trança só.
- Quando eu te mostrar o que tenho visto ultimamente, você vai querer fazer isso sempre. – disse enquanto atravessavam a praça com um enorme chafariz de três metros de altura onde quatro ursos pálidos jorravam águas em abundancia por suas bocas. Cada urso estava com o focinho apontado para cada um dos pontos cardeais.
- Estou indo com você por que estou curiosa, mas independente do que irei ver, não significa que fugirei todas as noites.
- Acredite, vai mudar de idéia.
Correram bastante sob a luz das estrelas. Estavam descalças, pois sabiam que se tivesse de botas ou sapatos, fariam barulho sobre o chão de paralelepípedos alourados. Usavam as sombras das casas para se esconderem. Quando viam que a barra estava limpa, então avançavam mais um pouco.
Chegaram próximas as imensas grades do portão que guardava a cidade Sonar. Esconderam-se atrás de uma arvore.
- Como pretende fugir Tilla? Já deve ser quase meia noite e nada nem ninguém entra ou sai da cidade após as dez horas da noite.
- Eu sei Ceny, mas o que você não sabe é que um senhor, ex-soldado do Rei, chega todos os dias, - menos aos domingos, à meia noite para render o soldado dorminhoco. – disse Tilla, apontando para o guarda do Rei sentado num banco de madeira no patamar de uma escada de pedra apensa ao grande muro. – Ta vendo? – continuara a jovem, agora olhava para o portão, o qual estava sendo aberto por um senhor encapuzado. O mesmo passara portão adentro, deixando-o apenas encostado para verificar o de sempre, o guarda dormindo no alto da escada de pedra.
- Como o Rei confia nesses caras? – perguntou-se a si mesmo o velho, olhando para o alto e chegando mais perto, perto o suficiente para ouvir os roncos do jovem atalaia.
As meninas aproveitaram para sair cautelosamente enquanto o velho ascendia um cachimbo.
Agora a noite de Sonar tinha duas jovens de dezesseis anos se aventurando pelos campos. Rumavam para o oeste, para a praia.
- Como sabia que ele daria essa brecha? – indagara Ceny. Ainda correndo.
- Às vezes ele dá.
- E quando não dá?
- Então tenho que voltar pra casa.
- há ta... podemos nos acalmar agora, ele não pode mais nos ver.
- Certo, vamos andando.
A brisa atingia seus semblantes claros iluminados pela minguante que sorria lá no alto.
Após um tempo caminhando, as jovens já estavam com seus pés sorvendo na areia da praia enquanto mastigavam algo que conseguiram no meio do caminho.
- Vamos nos sentar aqui. – disse Tilla afundando o quadril no aclive de areia.
- Que bom que passamos pelas videiras, já tava morrendo de fome. – falava Ceny, lançando pra dentro da boca uma fruta que mais parecia uma bolinha de gude.
Tilla sorriu sem expor os dentes. E assentiu com a boca cheia.
- Me diga uma coisa Tilla...
A garota de cabelos negros ficou atenta a amiga.
- Porque um ex-soldado, ainda trabalha para o Rei? E como você sabe de tudo isso?
- Ele se chama Erold, e é meu tio. Ele só tem a mim e a minha mãe. E para não ficar sozinho, ele prefere estar sempre agradando ao Rei... sabe como é... longa vida ao Rei. São uns fanáticos. – debochou ela.
Tilla jogara uma fruta para o alto e a encestara na goela, quase se engasgando. As duas riram.
- Ih... olha lá. – O espetáculo vai começar. – disse Tilla. Apontava para um azul iluminado do horizonte, que começara a ficar infestado de filhotes de Dragão.
- Pelos Deuses... mas que coisa mais linda.
- Não disse que valeria a pena. – dizia Tilla com um tênue sorriso estampado em seu rosto.
Alguns filhotes subiam para rodopiarem em frente à lua. Depois se turvavam nas nuvens envolvidas no ébano. O cenário era encantador e o barulho que faziam ao longe, um agudo que as jovens ali presentes não identificariam. Seus cantos ecoavam aurícula adentro docilmente como uma sinfonia.
- Da para esquecer a vida, e, ficar assistindo isso aqui pra sempre. – disse Ceny. Estava estupefata.
As jovens ficaram ali na orla branca, admirando a natureza enquanto mastigavam seus petiscos.
- Ceny! Olha lá! – empolgou-se a amiga. Apontava para o horizonte.
- Que foi Tilla, aonde?
- Lá. – aproximou-se da amiga ainda apontando. – Vem em nossa direção. – se pôs de pé. – Acho que hoje vai ser o dia em que eu estava esperando.
Ceny não entendera.
- O dia em que vou ver um filhote de Dragão de perto!
Tilla estava muito empolgada. Fora banhar seus pés no raso do mar ocidental, esperando pelo grande momento.
O pequeno Dragão se aproximava. Era bem rápido para um filhote.
Os olhos de Tilla estavam incandescentes.
Ceny apenas sorria. Mas logo tirara o sorriso do rosto.
A imagem do filhote aumentava cada vez mais. Ficava maior a cada batida de asas cortando a brisa.
Tilla dera alguns passos para trás.
Ceny começara a soltar gritos estridentes.
- Tilla sai logo daí! Não é um filhote!
Um gigantesco Dragão negro dera um rasante fazendo com que Tilla se jogasse na areia se protegendo do ataque.
Os gritos de sua amiga loira ecoavam pela praia.
- Ceny...! – assustou-se Tilla ao ver a amiga sendo levada por alguém de longas vestes negras, montado no Dragão protegido com uma armadura de prata, a qual reluzia da cabeça a calda.
Tilla refutava a ida da amiga. Repetia o nome da jovem varias vezes. Mas não adiantava. Seja lá quem fosse, convergia para o horizonte levando sua melhor amiga.
Tilla voltara correndo apavorada para os portões de Sonar.
Erold reconhecia a sobrinha de longe. Logo descera as escadas de pedra para abrir o portão e acolhe-la.
Não demorou muito e a jovem já estava nos braços do tio aos prantos.
- O que foi pequena... o que aconteceu? – preocupou-se o velho. Tinha a voz meio rouca.
- Tio Erold! Tio Erold! A Ceny...
- O que tem ela minha filha? E o que faz lá fora. – o velho segurava a sobrinha pelos ombros.
- Levaram Ceny, tio Erold... levaram Ceny...
Erold ficara perplexo enquanto afagava a sobrinha sob o céu estrelado.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

As Ilhas de Athór e o Amuleto das Florestas. - Sinopse - O Conhecimento de Athór



Athór eram chamadas às ilhas que existiam em meio ao oceano pacifico. Nessas ilhas existiam vários vales, que habitavam todos os tipos de espécies existentes.
Havia um vale chamado Sonar onde viviam os humanos em seus imensos campos e em suas casas de madeira, comendo o que colhiam e caçavam. Junto aos humanos tinha o reino Sonaire, uma grande fortaleza de pedra onde viviam os cavaleiros que protegiam todo o vale Sonar por ordem do rei Heriano.
Ao centro sul coberto pelas árvores sombrias vigiadas pelos espíritos dos antigos magos da floresta, existe um vale chamado Lenólia onde vivem os magos da luz. Conhecida por sua beleza e riqueza, campos, riachos, lindas cachoeiras, árvores enormes e animais que convivem em pura harmonia com os magos que lá vivem.
Os magos que habitam em Lenólia são os que buscam a paz e a tranqüilidade com o poder que a natureza os oferece. Com a natureza eles buscam as curas e poderes para defenderem seu vale. Todos os magos, tanto homens, mulheres e crianças, teens seus cabelos totalmente brancos, é uma das coisas que os diferenciam de cada raça.